Na web, quem navega também pode marchar

A Internet tem se mostrado um meio de divulgação importante nas marchas que vem acontecendo em todo o País, seja ampliando o debate sobre um movimento social já organizado, seja agregando pessoas às passeatas. Só nos últimos dois meses, as redes sociais atuaram como principal forma de divulgação de eventos como a Marcha da Maconha, duas edições da Marcha pela Liberdade e a Marcha das Vadias.

Trazendo mais força para o debate feminista, os blogs e redes sociais foram fundamentais para divulgar a Marcha das Vadias. No entanto, poucos dos entusiastas virtuais gente encararam a passeata pessoalmente: das mais de 6 mil pessoas que confirmaram presença no Facebook, apenas 300 marcharam no evento de São Paulo. “Sem a internet o movimento jamais teria tomado a proporção que tomou em tão pouco tempo. Fiz um texto explicando do que a marcha se tratava e porque começou e convidei todos os meus amigos que acreditava que poderiam aderir a essa causa, depois os amigos foram convidando os amigos e assim por diante”, diz Madô Lopez, uma das organizadoras da marcha.

William Lantelme Filho, um dos envolvido na organização da Marcha da Maconha diz que dentro do movimento há discordância sobre as formas de divulgação: “é um assunto polêmico. Tem quem seja a favor de fazer folhetos e quem seja contra. Esse ano foram feitos 300 mil pra todo o país. Mas é muito dinheiro e muita sujeira, diferente da Internet, onde a gente está se organizando cada vez mais”.

A maior dessas manifestações, a Marcha pela Liberdade nasceu como um protesto à repressão da Tropa de Choque aos manifestantes da Marcha da Maconha. Apesar de ter grande aderência na divulgação feita pelo Facebook, com quase 6 mil pessoas indicando que participariam, a passeata reuniu cerca de duas mil pessoas de acordo com números da polícia militar (no entanto os organizadores divulgaram que havia o dobro). Lá era possível ver reunidos os movimentos dos ciclistas, o LGBT, feminista e pela legalização da maconha juntos.

Recentemente os bombeiros do Rio de Janeiro se organizaram pelo aumento dos salários, com uma manifestação que culminou na prisão de mais de 400 bombeiros no começo do mês. Para Luiz Henrique Sardella Stutz, bombeiro e autor do blog Bombeiros do Brasil, “a Internet aproximou os bombeiros, que antes dependiam das informações passadas por telefone, ou pelas conversas de corredores. Outro fator determinante que a internet trouxe, foi a possibilidade de os militares passarem informações de forma anônima, sem correr o risco de uma eventual punição ou perseguição”.


Muitos risos na mobilização virtual

  • No mesmo dia da 2ª edição da Marcha pela Liberdade, acontecia na Paulista a Marcha dos Bons Drink. A piada surgiu do vídeo da transexual Luisa Marilac, que explodiu de acessos no YouTube. No Facebook, mais de 9700 pessoas confirmaram presença. Só que a marcha acabou literalmente “na pior” (referência à piada do vídeo) de público: menos de vinte pessoas compareceram.
  • Para 19 de julho está programada no Facebook a Marcha pela Lambada. Sua descrição dá a dimensão cômica: “Lambadear é direito de todo cidadão. Lambada é ritmo e dança como qualquer outra! Diga não ao preconceito!”. Se comoveu com o movimento e quer saber a localização da marcha? “Nos nossos quadris”.