Projeto da EACH que ensina Libras pode chegar ao campus

Os educadores que lidam com pessoas deficientes auditivas encontram auxílio na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH). Trata-se do projeto Libras na Ciência que ensina gratuitamente a Linguagem Brasileira de Sinais, aplicada ao ensino de ciências para professores e alunos da USP e da rede municipal e estadual de ensino. Apesar de ainda restrito à Zona Leste, o aumento do interesse da comunidade uspiana traz possibilidades de ampliação do projeto que poderá chegar até a Cidade Universitária.

O Libras na Ciência nasceu em 2010 pelas mãos do estudante de Ciências da Natureza, Rafael Dias Silva, como parte de seu Trabalho de Conclusão de Curso, que ainda será entregue no próximo ano. “Eu comecei a pensar em tudo assim que entrei na USP, em 2009. Foi então que procurei a professora Valéria Cazetta. Ela me acolheu maravilhosamente e demos início a ano, o Libras na Ciência passou a contar com o apoio da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária.

O objetivo do projeto é desenvolver material didático sobre ciência para os alunos surdos do ensino fundamental. “Muitos professores me procuram, porque têm algum aluno surdo na sala e não sabem como lidar com isso”, diz Rafael.

Segundo o Censo Escolar do Inep, em 2003, havia 56 mil surdos matriculados na educação básica no Brasil e apenas 344 pessoas com deficiência auditiva no ensino superior. Em 2005, pouco mais de 66 mil crianças e jovens com surdez frequentavam a escola e o número de pessoas com esse tipo de deficiência no ensino superior era de 974, em todo o país. Já a USP possui 34 alunos com deficiência auditiva, de acordo Ana Maria Barbosa, coordenadora do programa USP Legal.

Segundo Rafael, há projetos para ampliar o Libras na Ciência. “As pessoas realmente têm interesse. Na última vez em que as inscrições estavam abertas havia 80 vagas e 5 mil pessoas se inscreveram. Agora eu penso em levar tudo isso até a Cidade Universitária”, diz.

Nesta sexta-feira, 1/7, o projeto realizará o “Encontro de Jovens do Ensino Médio com Surdez: a inclusão no ensino superior”. Nessa oportunidade, serão discutidas, com escolas dedicadas a educação de surdos e cerca de 110 alunos, as modificações implementadas para a Fuvest 2012 e como elas alteram as chances das pessoas com deficiência auditiva. “Queremos mostrar que é possível o acesso à universidade de qualidade por parte desse público, basta estudar”, completa Rafael.