Projeto USP Diversidade quer combater a discriminação

Em março deste ano a Universidade de São Paulo criou o programa USP Diversidade, com a proposta de desenvolver ações que estimulem a solidariedade e a promoção e o respeito aos direitos humanos. Ligado a Pró-reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU), o programa coordenado pelo professor Ferdinando Martins (ECA-USP), vice-diretor do Teatro da USP (TUSP) conta com ações de cultura e extensão, que estão previstas para serem realizadas no próximo semestre. Ferdinando é coordenador da Comissão Acadêmica.

Jornal do Campus: Por que surgiu o programa?
Ferdinando Martins: O programa surgiu da necessidade de serem efetivadas na USP ações de combate ao preconceito e à discriminação, de qualquer natureza. Faltava um programa que lidasse com as diferenças que muitas vezes são negadas. Somos a maior universidade da América Latina e está na hora de termos ações que promovam os direitos humanos. Basta olhar os cartazes de festas e ver quanto há de machismo, como as mulheres são tratadas. Os recentes casos de homofobia são preocupantes. Sobre as ações, tivemos nossa primeira reunião na semana passada, por isso ainda é cedo, mas no segundo semestre muita coisa será feita.

JC: O foco das ações iniciais recairá sobre a diversidade sexual? E as demais diversidades, já existe alguma ação para promover o respeito a outras diferenças?
FM: Sim. Mas a homofobia é um dialeto do machismo, por isso questões de gênero estão sendo incorporadas desde já. Além disso, a promoção da solidariedade e do respeito às diferenças ocorre de modo abrangente. O combate a uma forma de preconceito leva a uma visão mais ampliada da diversidade humana, diminuindo outras formas de discriminação.

JC: A diversidade sexual demanda ações mais imediatas, em detrimento das demais, por causa dos casos concretos homofobia?
FM: Claro que penso nos casos de violência explícita, como recentemente ocorreu na Farmácia, na Veterinária, há alguns anos na USP Leste. Mas me incomoda demais também a homofobia cotidiana, aquelas piadinhas que constrangem a livre-expressão, as frases que ameaçam ou inibem ao movimento LGBT de se manifestarem como fazem os héteros.

JC: Qual a relação com o TUSP Quartas Alternativas?
FM: Tem a ver com a articulação com os projetos já existentes, que é uma das diretrizes do programa. Como o Teatro da USP participa desse projeto, e eu sou também vice-diretor, foi fácil aproveitar a oportunidade, uma vez que já estava planejada uma discussão do tema.

JC: O Programa já está articulado com os grupos organizados dentro da USP?
FM: Essa é uma das primeiras tarefas. Fizemos um levantamento desse grupos e queremos, muito, um contato mais próximo.

JC: Já foi tomada alguma medida para estimular a criação de disciplinas sobre diversidade?
FM: Por enquanto, fizemos um levantamento de todos os professores que, em algum momento, trataram do tema em suas pesquisas e orientações. Levantamentos também os grupos de pesquisa.

JC: Já existe uma sede física?
FM: Sim, já temos um espaço próprio, localizado próximo à moradia estudantil, que aproxima o programa dos alunos. É um espaço nas colmeias que está sendo reformado e irá reunir também os demais programas de direitos humanos.