Dificuldades para se locomover no Campus

Entre as maiores reclamações feitas pelos frequentadores da Universidade, estão o trânsito nos portões e a falta de ônibus circulares
Trânsito no portão da USP já faz parte da rotina dos motoristas (foto: Shayene Metri)
Trânsito no portão da USP já faz parte da rotina dos motoristas (foto: Shayene Metri)

Victor Pitaluga, estudante de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, passou dois anos fazendo intercâmbio na Alemanha. Chegou no Brasil há 15 dias. Desde seu regresso, retomou o hábito de se locomover com sua bicicleta dentro da Cidade Universitária. O que mudou foi o tempo que ele leva dentro do campus para chegar ao seu destino. Agora, passa o dobro do tempo desviando de carros e procurando passagem. Em dois anos, a mudança foi sensível e o excesso de veículos cada vez mais é um entrave para a plena mobilidade dentro do campus.

USP sem saída

Dentre as maiores reclamações por parte dos motoristas e usuários de transporte público está o trânsito nas portarias, sobretudo no P01 e P03, nos períodos das 17h às 20h. Ana Fiori, que faz mestrado na FFLCH de manhã e cursa Direito na São Francisco à noite, leva mais de uma hora para conseguir sair da USP e chegar até a estação Butantã do metrô.

O fluxo de carros é intenso nas três portarias durante o horário de pico. As filas se estendem, a espera é longa e inevitável, sobretudo porque algumas pessoas utilizam as avenidas do campus como alternativa para driblar o congestionamento na Marginal Pinheiros. Segundo Edson Rodrigues, da Guarda Universitária, três locais são bloqueados para tentar dificultar o acesso de quem quer cortar caminho por dentro do campus. “Existem bloqueios feitos exclusivamente para evitar o trânsito: um, na Av. Prof. Melo de Morais, outro aqui em frente à Rotatória 03 e também no P01, em frente ao Centro de Visitantes”, explica.

Outra medida tomada pela USP foi a solicitação às emissoras de rádio para que não estimulassem o uso das avenidas internas como rota alternativa. No entanto, o decréscimo proveniente dessas iniciativas vem sendo neutralizado pelo aumento de veículos de alunos, funcionários, professores e visitantes.

CET dentro do campus

“Parece que, aqui, a partir das 17h, o tempo do semáforo aumenta”, observa Lucas Couto, que trabalha no P02. A Coordenadoria do Campus da Capital (Cocesp), responsável pela infraestrutura da Universidade, incluindo  o sistema de transportes, nos informou que existem estudos para minimizar os impactos referentes à temporização dos semáforos das portarias que dão acesso ao campus. “A USP, a CET e a Secretaria Municipal de Transportes (SMT) estão trabalhando juntas nesse sentido”, afirma Tabita Said, da Divisão de Relações Institucionais da Cocesp.

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) é uma instituição municipal e atua fora do campus. A USP está em entendimentos com a SMT, a quem a CET está ligada, para o estabelecimento de convênio ou contrato. O objetivo é que a Companhia possa atuar internamente. Segundo a Cocesp, o resultado desses esforços serão perceptíveis ainda no segundo semestre de 2011.

A CET, até o fechamento dessa edição, não deu retorno aos insistentes pedidos do JC para se posicionar em relação à proposta de atuação dentro do campus.

A dificuldade de circular

Quanto aos ônibus circulares, estudantes comentam que antigamente eram apelidados de “seculares”, como ironia às suas raras aparições. Além desse, outros problemas são apontados: “às vezes, ele não cumpre o horário, anda com as portas abertas, e sempre tem algum quebrado”, conta Erika Stein, doutoranda em Farmácia, que utiliza o circular todos os dias.

Com a frota de 16 veículos e o atual quadro de motoristas, o intervalo entre os ônibus tem variado de 10 a 20 minutos. A Coordenadoria do Campus da Capital afirma que “estão em curso estudos para baixar esse intervalo para 8 minutos, o que deverá ocorrer ainda neste segundo semestre”.

Um dos motoristas, que trabalha há seis anos no circular, informou que atualmente, quando há quebra de veículos, o intervalo entre as partidas aumenta. “Não recebemos nenhum tipo de orientação específica para diminuir a duração das paradas quando algum ônibus quebra”.

Saídas para a USP

Existe um estudo da Cocesp para ampliar o número de pontos de acesso ao campus, bem como de reduzir o número de veículos que dele se utilizam para cortar caminho. Entretanto, para lidar com o fluxo diário de 80 mil automóveis, outras alternativas têm sido apontadas.

Uma delas é a inauguração, em setembro, de uma conexão ciclística entre a Estação Butantã do metrô e o Centro de Visitantes próximo ao P01.  Quanto à criação da ciclofaixa, prometida para setembro de 2010 pela Cocesp, a Coordenadoria informa que para isso “será necessário garantir que os veículos não estacionem nessas avenidas”. Apesar de solicitados prazos, mapas e projetos para as ciclofaixas esses dados não foram fornecidos.