iFriends tem muitos voluntários e baixa procura

O programa de auxílio à recepção de intercambistas é aproveitado por apenas 19% dos estrangeiros

O programa USP iFriends, também conhecido como Amigo USP,  foi lançado no início deste semestre pela Comissão de Cooperação Internacional (CCint). A ideia é que alunos da Universidade recepcionem e ajudem intercambistas com o que for necessário. “O iFriends é uma tarefa voluntária. Queremos receber bem esses estudantes e também queremos reciprocidade”, informa o vice-reitor executivo de Relações Internacionais da USP, Adnei Melges de Andrade.

Na última semana de julho, discentes de graduação e pós-graduação receberam um e-mail convidando à inscrição no programa.  A resposta foi positiva e superior ao esperado. De acordo com a assessoria de imprensa da CCint, houve 987 adesões em apenas três dias. As inscrições foram fechadas devido ao alto número de interessados, mas serão reabertas no próximo semestre.

Se por um lado os brasileiros se mostraram muito interessados na iniciativa, por outro, os intercambistas parecem pouco informados a respeito. Até agora, somente 186 estudantes estrangeiros participam do iFriends, o que equivale a cerca de 19% de aproveitamento dos voluntários. Questionado sobre o motivo desse pequeno número, Andrade diz que o projeto “ainda é novo e, por isso, pouco conhecido”. Intercambistas entrevistados sugerem que a baixa adesão se deve ao fato de muitos deles terem chegado ao Brasil antes da abertura do programa, de tal modo que se adaptaram sozinhos ao país.

Quem participa

“Ainda não me encontrei com minha iFriend porque ela é da USP Leste. Mas ela sempre me ajuda por e-mail quando preciso” conta Celia Fernández, universitária espanhola em intercâmbio na ECA. Sua amiga anfitriã, Camila Lizie, aluna de Lazer e Turismo da EACH, diz: “sempre quis fazer um intercâmbio, mas nunca tive condições financeiras para isso. Imaginei que participando desse programa poderia ajudar um intercambista e conheceria de perto como é a experiência de estar em outro país”.

“Eu me inscrevi [no iFriends] porque achei uma boa oportunidade de conhecer outras pessoas” declara Sócrates Domínguez, estudante espanhol que pretende ficar um ano no Brasil. E continua: “São Paulo é uma cidade muito caótica. É difícil, a princípio, saber viver aqui”.

Um dos problemas citados pelos intercambistas é a dificuldade de encontrar imóveis para alugar na cidade. De acordo com a assessoria de imprensa da CCint, a proposta é que os brasileiros cadastrados no  iFriends  possam auxiliá-los com necessidades como essa e também com assuntos relacionados à Polícia Federal e integração no novo país.

Internacionalização

Para Andrade, a Universidade tem que melhorar suas condições de recepção dos estudantes. “A USP ainda não tem as mesmas condições das universidades do hemisfério Norte. Na maioria das universidades da Europa há moradia estudantil e, na USP, somente 4% do Crusp é para os estrangeiros.”

Sobre a ideia original do iFriends, ele conta que “a Poli, a FEA e a FEA-RP já fazem isso há alguns anos, mas com outros nomes: iPoli, International Club e Iternational Team”. O recém lançado programa visa atender à demanda das unidades que ainda não têm uma associação de alunos para recepção de seus intercambistas.

Relação de intercambistas na USP (infográfico: Renata Hirota)
Relação de intercambistas na USP (infográfico: Renata Hirota)