Licenciatura em Ciências tem 30% de evasão no primeiro semestre

O curso de Licenciatura em Ciências, primeira graduação a distância oferecida pela USP, tem hoje 322 alunos matriculados. Desses, cerca de 30% nunca acessaram as aulas e a coordenação os considera desistentes. Assim, serão jubilados por terem frequência zero em todas as disciplinas do primeiro semestre.

O coordenador do curso, Gil da Costa Marques, acredita que isso se deve ao fato de muitos pensarem que o curso seria totalmente a distância, sendo que os alunos têm aulas presenciais todos os sábados, das 8h às 17h. Será realizada uma pesquisa para entender a alta evasão.

Por outro lado, aqueles que assistiram às aulas apresentaram resultados positivos. De 60% a 75% dos alunos são aprovados sem recuperação. “Estamos trabalhando para comparar esse índice com as licenciaturas presenciais”, diz Marques.

Impressões iniciais

No primeiro semestre, ocorreram problemas com a plataforma utilizada pelos estudantes.  “Às vezes, por causa da conexão com a internet, a gente não conseguia acessar o AVA [Ambiente Virtual de Aprendizagem]”, diz a aluna Tatiana Colares.

“Tivemos problemas com o formato e tamanho dos vídeos. Acho que o curso não estava preparado o suficiente para funcionar naquele primeiro momento”, comenta o aluno Delmir Soares. De acordo com os estudantes, esses problemas já foram sanados e o segundo semestre está mais planejado em termos de tecnologia e conteúdo.

“Um ponto positivo é o cuidado com cada indivíduo, com o feedback aos alunos”, conta o estudante Robson Machado. “O que percebo é o ato contínuo na tentativa de aperfeiçoamento do curso.”

Modelo USP de Ensino Semipresencial (infográfico: Ana Carolina Marques)

Ensino a distância

“Sempre defendi que a USP poderia usar isto [EaD], principalmente na formação de professores, que é uma área carente”, afirma  José Moran, professor aposentado da ECA, diretor de EaD da Universidade Anhanguera-Uniderp e pesquisador sobre o ensino a distância.

“Para qualquer bom curso, presencial ou a distância, é preciso bons professores. Também são necessárias tecnologias que permitam acompanhamento do aluno e controle das aulas. Os professores devem ter ajudantes que tirem dúvidas, já que o número de alunos costuma ser alto”.

O estudante-alvo de graduação a distância, para Moran, é o adulto que já trabalha, que não pôde fazer faculdade no período regular, ou o profissional que quer se atualizar. “Ainda há preconceito e desconfiança na USP, porque o ensino a distância é novo e algumas instituições privadas já o fizeram de modo pouco adequado”.

Licenciatura em ciências

Com relação aos preconceitos por se tratar de um curso semipresencial, o coordenador Marques ressalta que tudo foi muito bem elaborado. “Esse é o modelo USP, que não existe fora daqui. Não tem nada a ver com os outros cursos a distância do país. Esse curso dá um suporte fortíssimo para o aluno”. Ele conta que o acompanhamento do aluno é bastante cuidadoso. Há gráficos que registram a atividade online por dia, semana ou mês.  “É impressionante a atividade do aluno mesmo aos domingos.”

Gil acrescenta que todos os professores são experientes. “O docente da USP participa produzindo aula e conteúdo, o que é uma experiência única na universidade”. Cada disciplina tem sua apostila desenvolvida pelo docente que ministra as vídeo-aulas.  “É um material feito especialmente para esse curso e o nível é alto.”