Ainda no campus, Rádio e TV USP aguardam transferência

Mesmo em meio às obras, a Rádio e a TV USP ainda permanecem no prédio da Antiga Reitoria, parcialmente desocupado para a realização de reformas. Os órgãos seriam transferidos para um espaço na TV Cultura. No entanto, não há previsão para a mudança, e funcionários, que têm trabalhado em condições precárias devido às reformas, mobilizam-se por uma realocação dentro do próprio campus.

Uma comissão formada por funcionários e estagiários da Rádio e da TV USP e representantes do Sintusp reuniu-se com o reitor, a fim de apresentar seus questionamentos a respeito da transferência.

Segundo Gustavo Xavier, funcionário da TV USP que participou da reunião, uma das maiores preocupações dos funcionários é não haver ainda um plano de volta para o campus. “Soubemos que não há um projeto definido de instalação para nós aqui na Cidade Universitária; é algo que, daqui a um tempo, se formos para lá [TV Cultura], precisaremos conversar, negociar e reivindicar, pois ainda não existe um local definido de antemão”, diz ele.

Thales Figueiredo, também funcionário da TV USP, afirma que as equipes desejam permanecer na Cidade Universitária, uma vez que tratam de assuntos pertinentes ao próprio campus, sendo este seu principal ambiente de trabalho. “Perderemos muito tempo com o deslocamento, pois teremos que vir praticamente o tempo todo para cá”, diz. Outra questão que os preocupa é uma possível fusão com a TV Cultura e a Fundação Padre Anchieta. “Como não há um projeto de volta, temos medo de, daqui a algum tempo, deixarmos de ser a TV USP”, afirma Figueiredo. A Reitoria, no entanto, nega tal possibilidade.

Dificuldades em sair do campus

Para Xavier, uma série de questões operacionais seriam dificultadas com a mudança para o novo espaço, tais como: pesquisa – utilização das bibliotecas, teses antigas e livros de difícil acesso em outros locais; entrevistas prévias com docentes, uma vez que “o contato direto e pessoal é sempre de maior qualidade”, segundo Xavier; gravações em estúdio – o que exigiria deslocamento dos convidados, e transporte entre o campus e a TV Cultura. Todas essas questões ainda estão pendentes, sendo que a reitoria ficou de providenciar respostas.

Xavier ressalta a questão dos estagiários, uma vez que já foi informado que não receberão vale-alimentação. Além disso, a distância do novo local pode inviabilizar a articulação entre estudo e estágio. “Os estagiários têm suas particularidades, por isso estão sendo representados na comissão. Não se deve atrapalhar sua formação, pois a prioridade tem que ser a parte acadêmica”, afirma.

O novo espaço na TV Cultura necessitará de uma ampla reforma, que ainda não teve início. A assessoria de imprensa da Reitoria disse ao JC que o andamento da reforma está dentro do cronograma estabelecido, sendo feita, agora, a licitação para que se inicie a adaptação do local para receber os setores. Disse ainda que o local escolhido – TV Cultura – é o que melhor atende às necessidades dos dois órgãos. A comissão de funcionários ficou de buscar novas alternativas de espaços para a alocação dos órgãos na própria Cidade Universitária, para posterior análise por parte da Coesf e da Reitoria.

No dia 13 de outubro, houve uma reunião entre funcionários e estagiários da Rádio e da TV USP e representantes do Sintusp, a fim de discutir possíveis locais no campus para a transferência. O próximo passo será enviar as propostas ao professor Antonio Massola, da Coesf, para que possam, então, ser apresentadas à Reitoria. Dias depois, diretores da Rádio e da TV USP reuniram-se com o professor Amadio, coordenador da CCS. Pedro Ortiz, diretor da TV USP, afirmou que não houve novidades: “Teremos nova reunião no dia 24, possivelmente com a presença do coordenador da Coesf, responsável pelas obras, reformas e mudanças. Até lá, não temos nenhuma nova informação”.

Trabalho em obras

Enquanto as questões referentes à transferência são negociadas, os órgãos permanecem no prédio da Antiga Reitoria, em plena reforma. “Trabalhamos o dia todo com barulho de britadeira, sujeira e pó, com sujeira de rato nos corredores”, afirma Xavier. Ele conta que, na TV USP, os funcionários ficaram uma semana sem iluminação na sala de edição e nos banheiros. Conta também que, recentemente, houve uma chuva de faíscas enquanto trabalhavam, e um material espatifou-se no beiral da sala de edição, o que poderia ter machucado alguém.

Xavier aponta que, apesar do diálogo com a Reitoria, os funcionários estão inseguros. “Ficou tudo meio no verbal, não temos garantia alguma além dessas conversas”, diz. “Não sabemos se as condições de trabalho serão adequadas e se voltaremos para o campus”, completa.