Funcionários terceirizados pela empresa BKM paralisaram suas atividades por causa de um atraso de 15 dias no salário de setembro. Os trabalhadores, que prestam serviços para a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), o Hospital Universitário (HU) e a Coordenadoria do Campus da Capital (Cocesp), chegaram a ocupar uma sala da Cocesp em protesto, com o apoio do Sintusp e de setores do movimento estudantil.
A paralisação, porém, durou pouco: já no dia seguinte à ocupação, a BKM liberou o salário atrasado. O pagamento dos funcionários foi feito por um dos procuradores da USP, Salvador Ferreira da Silva, e pela diretora de serviços do HU, Cleonice Barbosa, no Centro de Visitantes do campus.
BKM x USP
Cleonice contou que a USP entrou em contato com a BKM assim que os funcionários comunicaram o atraso do salário. Segundo ela, a empresa alegou problemas financeiros. O pagamento – que deveria ser feito no quinto dia útil do mês – só veio no dia 21, quando os funcionários pararam de trabalhar e a USP aumentou a pressão sobre a empresa. Na ocasião, a Universidade notificou a BKM, que teve cinco dias para apresentar uma justificativa para o atraso.
A justificativa foi apresentada, alegando problemas no pagamento dos serviços por outros contratantes, o que resultou na falta de dinheiro em caixa no início de setembro e “defasagem nos pagamentos dos funcionários”. De acordo com Pedro Batista, da BKM, o problema foi “pontual”. Ele ressaltou que a USP sempre esteve em dia com os pagamentos e que a situação já está normalizada, portanto o problema não deve se repetir em outubro.
E os funcionários?
Robson Evangelista de Jesus, funcionário da BKM que trabalha na Cocesp, disse que o supervisor da empresa convocou uma reunião com os funcionários para “decidir quem vai ficar e quem não vai”. Segundo ele, no caso de uma demissão, os trabalhadores vão se unir. “Se eles mandarem um embora, nós vamos todos”.
A reunião não ocorreu, mas Silmario Silva, que também trabalha na Cocesp, disse ter recebido um aviso da BKM sobre a situação do contrato. “Disseram que a empresa ganhou uma segunda chance e que a situação já foi normalizada. Agora a gente está esperando o dia 7 [de outubro] pra ver se o pagamento vai chegar, disse.
As três unidades que contratam serviços da BKM tomaram a decisão de dar a segunda chance à empresa. Como esse é o primeiro incidente do tipo em quase um ano de prestação de serviço, as unidades optaram por emitir uma advertência por conduta inadequada. “Em caso de reincidência, nós iremos rescindir o contrato” disse Cleonice Barbosa, da administração do HU.
Condições precárias
O atraso no salário é só mais um dos desafios que os trabalhadores terceirizados da USP têm de enfrentar. Segundo Magno de Carvalho, diretor do Sintusp, os funcionários não dispõem de espaço para comer, tomar banho ou guardar seus pertences durante a jornada de trabalho – benefícios que os contratados pela USP possuem. “Eles não têm condições de trabalho”, afirma Magno.
Cleonice diz que o HU é uma exceção, pois “tem copa, banheiro e armários para todos os funcionários”. Salvador disse que a Reitoria vai apurar os problemas nas condições de trabalho das outras unidades. “Vamos verificar as condições e ver o que podemos fazer. Os problemas dos funcionários são entre eles e a empresa. A USP não contrata empregados, contrata serviços. A gente fiscaliza para ver se a empresa está em ordem”, declarou o procurador.