Aurélio Miguel foi eleito novo presidente, mas eleições foram conturbadas. Segundo Membro da Comissão Eleitoral, houve irregularidades no processo
A Federação Universitária Paulista de Esporte (Fupe) realizou no dia 26 de setembro sua eleição para o cargo de presidente. Aurélio Miguel, ex-judoca e vereador de São Paulo, venceu os outros dois candidatos (Ricardo Bochicchio e José Putarov Junior) em um processo eleitoral conturbado.
Das 47 Associações Atléticas Acadêmicas (AAAs) filiadas, dez foram impedidas de votar no dia da eleição, sob argumentos de que estavam irregulares (dívidas antigas com a Federação ou falta de documentação necessária para filiação, por exemplo). De acordo com Leonardo Marinho da Cunha e Roberto Toledo, membros da Comissão Eleitoral da Fupe, houve falta de transparência nessa decisão, uma vez que apenas a diretoria foi responsável pela escolha de quais AAAs filiadas teriam direito a voto. Segundo Carta Aberta publicada por Marinho e Toledo, “ao não dar publicidade aos documentos, a entidade descumpriu as normas estabeçecidas pela Comissão Eleitoral, impedindo que, conforme determina o Art. 79 do Estatuto, os membros eleitos pudessem realizar a direção dos trabalhos eleitorais de forma isenta observando os princípios da democracia”.
As atléticas vetadas de participar do processo foram informadas sobre suas irregularidades apenas duas horas antes do pleito, sendo impossibilitadas de regularizar sua situação com a Fupe, caso fosse possível. A AAA da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) tentou pronunciar, durante a eleição, que estava há um mês filiada na Fupe e, até o dia da votação, não tinha recebido nenhum alerta da Federação sobre sua condição irregular. Os documentos que provam se as AAAs filiadas são regulares não foram revisados ou publicados, de modo que também não se pode comprovar se todas as AAAs votantes estavam regulares.
Segundo definido na reunião de Presidentes, a Comissão Eleitoral deveria revistar a documentação e haveria um prazo de 72 horas para a publicação da lista de AAAs com condições de voto, o que não aconteceu.
Votação
Durante a votação, um membro da Comissão e representantes de várias Atléticas foram impedidos de falar. Taís Martinelli, presidente da Atlética da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, apesar de sua AAA não ter se filiado à Fupe, compareceu à votação e disse que “esperava mais discussão, mais debate, mas a mesa não deixou. Da maneira como foi feita [a votação], não era pra ter nenhuma discussão mesmo”.
Tantas irregularidades chamaram a atenção de membros de Atléticas e da oposição. O próprio Bochicchio disse em entrevista a UOL Esportes que “assim que reunisse provas de irregularidades no processo eleitoral, entraria com uma ação na Justiça”.
Aurélio Miguel venceu com 24 votos, contra 11 de Bochicchio e zero de Junior. O fato de Junior, que preside a Liga Esportiva Universitária Paulista, não ter ganhado nenhum voto foi um dos fatores que mais chamou a atenção dos envolvidos. De acordo com Marinho, esse é um dos indícios que apontam a ligação extra-oficial entre Aurélio Miguel e Junior. Como vereador de São Paulo, o ex-judoca já repassou verbas para a Liga que Junior preside – um fato que é questionável já que dinheiro público de São Paulo vai para São Caetano (local onde ocorre o evento). Aurélio Miguel alega que sua “relação com o José Putarov Junior é institucional, assim como são minhas relações com todos os presidentes de entidades esportivas municipais, estaduais e federal. Incentivei a realização de eventos de diversas modalidades, da mesma forma que encaminhei a solicitação dos eventos da Liga Paulista Universitária da qual ele é presidente”. Junior não respondeu às perguntas enviadas até o final dessa edição.
