O que pensa o resto da sociedade?

A reportagem sobre a terceirização é relevante no momento que o Brasil bate recordes de trabalhadores com carteira assinada. O que deveria ser trivial é considerado um avanço em um país onde alguns não querem assumir nenhuma responsabilidade trabalhista. Por isso são encontrados em oficinas de costura e em carvoarias trabalhadores em situação análoga ao escravismo. Os contratados sem carteira são irregulares quando contratados diretamente ou de forma terceirizada.

Contudo há os trabalhadores que prestam serviços, são chamados de “terceirizados” e são regulares, e por isso estão nas estatísticas do governo. A reportagem trata desproporcionalmente fontes favoráveis e contrárias a essa contratação. Creio que o tema merece um debate se a universidade deve contratar empresas que prestam serviços com seus funcionários ou se deve contratá-los diretamente. O que é melhor para a instituição? Há irregularidades no processo? O que o contribuinte que mantém a universidade pensa ? São questões em aberto que pedem esclarecimento.

O debate sobre o exame da OAB é interessante e oportuno. Na última prova, de cada 100 concursados, 85 foram reprovados. O público está dividido em apoiar ou não o exame. Uns entendem que é uma forma de exigir qualificação; outros, que é uma forma de impedir que novos advogados cheguem ao mercado e concorram com os velhos.

Outras profissões que exigem diploma não exigem a prestação de um exame para exercer-la. Não deveria valer para todos? Sem diploma e inscrição no conselho o trabalho é considerado ilegal. É o caso da profissão de cabeleleiro que já está em fase de regulamentação no Congresso Nacional. Assim só quem tiver um curso regulamentado, com o respectivo certificado vai poder trabalhar nos salões de beleza ou em departamentos de maquiagens. Creio que o nosso JC comporta uma edição especial sobre o que pensa a comunidade acadêmica e a sociedade sobre a regulamentação das profissões.

A construção do Clube das Arcadas é um tema que interessa não só a comunidade acadêmica, mas a cidade como um todo. Na reportagem em tela há uma descrição detalhada do projeto, do estado atual das edificações e a forma pela qual o Centro Acadêmico conseguirá as verbas para a construção. A área está próxima de um dos locais mais valorizados da cidade que é o Parque do Ibirapuera. A reportagem poderia ouvir a sociedade civil sobre o que acha da construção do complexo esportivo, a vizinhança, e as autoridades municipais. Ela se restringe a uma queda de braço entre o reitor de um lado e o CA de outro, como se fossem as duas únicas partes interessadas no tema. E o munícipe, o que acha disso?

Heródoto Barbeiro é jornalista e escritor. Atualmente é editor-chefe e apresentador do Jornal da Record News. Você, leitor, também pode contatar nosso ombudsman. Basta mandar um e-mail para herodoto.jc@gmail.com.