Para DCE, compensação do desmatamento irá demorar

Um complexo de museus será erguido no lugar de uma mata próxima à Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ). Ao todo, serão cortadas 1325 árvores para dar lugar à nova Praça dos Museus. O projeto arquitetônico é de Paulo Mendes Rocha e prevê a construção de 53 mil m², que abrigarão as novas sedes dos museus de Zoologia e de Arqueologia e Etnologia.

A USP alegou que não há razão para preocupação, pois a obra conta com um projeto de compensação ambiental, baseado na Portaria 44/2010 da Secretaria Estadual do Verde e do Meio Ambiente. Dessa forma, a Cidade Universitária receberá mais de 7 mil árvores da mata nativa.

A Coordenadoria do Campus da Capital (Cocesp) afirma que cerca de 80% das árvores a serem cortadas são espécies exóticas invasoras, “que competem com as espécies nativas prejudicando a biodiversidade”. Por isso, segundo Márcia Regina Mauro, engenheira agrônoma da Cocesp, “o local seria recuperado independentemente da construção dos Museus”.

Local onde já foram iniciadas as obras (foto: Carlos Vilas)
Local onde já foram iniciadas as obras (foto: Carlos Vilas)
Estudantes criticam

Em nota, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP critica a nova construção, que acreditam ser “aprovada de forma extremamente anti-democrática, sem diálogo com a comunidade universitária e que, juntamente a outras grandes construções da reitoria, acarretará um custo de R$240 milhões aos cofres públicos”. Além disso, o DCE reiterou a importância da discussão, ao afirmar que o Campus “é um dos poucos lugares da cidade que abrigam grande densidade de área verde”.

Para o Diretório, os argumentos apresentados pela USP são uma “tentativa de manipular a opinião pública” para justificar o desmatamento como algo positivo.

A organização estudantil também questiona os prejuízos envolvidos na política de compensação. “Quando o plantio das mudas vai trazer para a cidade os mesmos benefícios ambientais que hoje fornecem as árvores a serem removidas?”, pergunta Carlos Cesar Simões Buono, diretor do DCE.

Especialistas consultados, que preferiram não se identificar, explicam que isso depende de vários fatores, “mas com certeza vai demorar alguns anos”, dizem.

A Superintendência de Gestão Ambiental da Universidade declara, por sua vez, que “o objetivo da Universidade é conciliar a divulgação cultural com a preservação da vegetal nativa original do lugar”.