Estudantes optam pela greve em assembleias de quatro unidades

A última quarta-feira (9) foi marcada por assembleias nos cursos e unidades da USP, para decidir a adesão ou não à greve dos estudantes, aprovada em Assembleia Geral no dia anterior. Também foram eleitos os delegados de base do comando de greve.

Letras

A assembleia dos alunos de Letras foi dividida em duas – uma para o período matutino e outra para o noturno. De manhã, os estudantes legitimaram a greve por ampla maioria, mas a discussão sobre fazer piquete ou não foi acalorada. “Não é desrespeitar quem quer ter aula, mas é proteger os estudantes para poder participar da greve. Ninguém pode colocar seus interesses acima das decisões tomadas em assembleia”, disse um aluno a favor.

Os contrários ao piquete defenderam o direito de ir e vir dos estudantes e disseram que a ação seria desnecessária. “Entendo que vocês tenham vencido ontem, mas precisam respeitar quem não concorda. Esse movimento não é o meu, não me representa, e vocês não podem obrigar a participação”, discursou uma estudante. No conjunto dos votos das duas assembleias, o piquete foi aprovado.

História, Geografia, Filosofia e Ciências Sociais

Os alunos de Filosofia decidiram entrar em greve por unanimidade na assembleia desta quarta-feira. A utilização do piquete, se necessário, foi aprovada por ampla maioria.

Aluno discursa em Assembleia na Filosofia; estudantes decidiram aderir à greve (foto: Bruno Capelas)
Aluno discursa em Assembleia na Filosofia; estudantes decidiram aderir à greve (foto: Bruno Capelas)

A Assembléia da História referendou a validade da greve. Os alunos aprovaram um “piquete de convencimento” – sem barricadas, mas com discussões entre alunos e professores a respeito da atuação da PM no campus e sobre a instituição em si. “O papel da Universidade é debater e ser a massa crítica da sociedade”, disse um aluno.

Na sexta-feira (11), às 16h, haverá, na Praça do Relógio, um debate sobre o movimento e a questão da PM no campus. Foi dito que “a FFLCH não pode ser uma ilha na USP, deve ganhar aliados”. Em resposta, um aluno falou que a FFLCH “não deve ter medo de ser uma ilha, porque ganha em quantidade [20% dos alunos] e qualidade do debate”.

Um professor criticou a pichação nas salas dos professores, em especial uma na porta da professora Marlene Suano, dizendo que aquilo era “uma intimidação” e que “cerceava o debate”. À noite, a pichação já tinha sumido. A professora Marlene participou da Assembleia da Adusp, e disse que não ia mais vocalizar sua opinião por medo de repressão.

Os alunos da Geografia decidiram paralisar as aulas até sexta feira-feira (11), dia em que haverá uma assembleia deliberativa a respeito da adesão ou não à greve pela unidade. Um aluno disse que era preciso oferecer “um contraponto à opinião pública, fazendo o que fomos ensinados a fazer: pensar criticamente”. A professora Isabel Aparecida Pinto Alvarez disse: “Há muito mais no horizonte para se debater além de greve”.

Nas Sociais, os estudantes aprovaram a paralisação das aulas, mas decidiram não fazer “cadeiraço”. Alexandre Guimarães, um dos onze alunos das Ciências Sociais que foram presos na operação de reintegração de posse da reitoria, defendeu a união dos estudantes e a greve como respostas a uma “estrutura de poder arcaico. A reitoria não vai mais passar impune”, disse.

Um professor argumentou a favor da presença da Polícia Militar no campus e disse que é “contra a ditadura do movimento estudantil. Vocês abrem mão do único motivo pelo qual estamos aqui: o curso da USP e o conhecimento. A USP é um campo de batalha e os estudantes são os peões, ajudados por partidos políticos e grupos externos à Universidade. Vocês estão sendo enganados e não se dão conta disso”.

Os estudantes também aprovaram uma campanha financeira centralizada pelo Ceupes (CA das Sociais) para ressarcir ao Sintusp o valor da fiança dos onze alunos do curso, presos na terça-feira. O Sindicato ajudou no pagamento da fiança dos 73 estudantes detidos.

FAU, ECA e IRI

Na FAU, os cursos de Arquitetura e Design votaram separadamente a adesão à greve. Ambos aprovaram a paralisação. Os alunos de Arquitetura votaram contra o piquete, que não foi votado pelos estudantes de Design. Na manhã desta quinta-feira (10), porém, os professores deram aulas normalmente, segundo alunos.

Assembléia da Arquitetura reúne mais de 200 pessoas (foto: Ana Carolina Marques)
Assembléia da Arquitetura reúne mais de 200 pessoas (foto: Ana Carolina Marques)

A ECA também apoiou a greve e todas as propostas aprovadas na Assembleia Geral dos estudantes na terça-feira (8). Os alunos optaram por não fazer piquete e cada departamento se reunirá separadamente para decidir como encaminhar a greve. Os departamentos de Áudio Visual (CTR), Publicidade e Propaganda, Relações Públicas e Turismo (CRP), e Artes Cênicas (CAC) já declararam paralisação das aulas.

Às 10h da manhã desta quinta-feira ocorreu uma aula pública com o professor Eugênio Bucci, do Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE). Os alunos do CAC preparam uma manifestação artística para o ato das 15h em frente à Faculdade de Direito.

380 ecanos se reúnem em assembleia; maioria vota pela greve (foto: Glenda Almeida)
380 ecanos se reúnem em assembleia; maioria vota pela greve (foto: Glenda Almeida)

Os alunos do IRI aprovaram por unanimidade, entre os 90 presentes na assembleia, a paralisação das aulas nesta quinta (10) e sexta-feira (11) – para a participação do ato e assembleia geral no Largo de São Francisco e a realização de uma nova assembleia do instituto. O futuro da greve será deliberada na próxima quarta-feira (16).

Os estudantes decidiram não fazer piquete. “O método é convencer diretoria e professores a não darem aula e os estudantes que não estavam na assembleia de que [a paralisação] foi uma decisão coletiva”, esclareceu Thales Carpi, aluno do 3° ano de RI.

Editado em 10/11/2011, às 16:17.
Editado em 11/11/2011, às 12:23. 

Colaboraram Ana Carolina Marques, Ana Pinho, Bruno Capelas, Giovanna Rossin, Glenda Almeida, Isadora Bertolini Labrada, Jéssica Stuque, Job Henrique Casquel, Rafael Carvalho e Victor Francisco Ferreira.