Para alunos, deve-se discutir plano de segurança

Um dos eixos principais da greve estudantil vigente na USP é a proposta de elaboração de um plano de segurança. Para isso, foram propostos vários itens que, na opinião dos estudantes, devem ser atendidos para que o Campus seja mais seguro. “O plano de segurança deve ser democrático, discutido pela comunidade. Não podemos levar medidas prontas e nem a reitoria deve tomar medidas verticalizadas. Para se fazer o plano é preciso ouvir todas as necessidades. Nós levantamos alguns pontos básicos”, explica Tatiane Ribeiro, estudante da ECA que participa do comando de greve.

De todos os itens do plano de segurança, aquele que tem mais visibilidade é a falta de iluminação no campus. Desde a morte do estudante da FEA Felipe Ramos de Paiva o problema vem sendo levantado. Na sexta-feira, 18, 500 participaram da Passeata das Lanternas, organizada por alunos do curso de Design. O ato percorreu lugares considerados perigosos à noite, como a Rua do Matão e a Rua do Lago.

O reitor João Grandino Rodas diz que a reivindicação quanto à iluminação pode ser deixada de lado, pois já há um planejamento para resolver esse problema. “Há meses, após licitação, fez-se projeto, nos moldes da Avenida Paulista e do Parque do Ibirapuera, utilizando os mais modernos equipamentos e lâmpadas led, para que a iluminação dos campi fosse feita sem corte ou desbaste de árvores. Em certos lugares, os postes serão estrategicamente colocados abaixo das árvores, para que elas sejam poupadas”. A previsão é de que, após o fim da licitação, as obras estejam concluídas em oito meses no campus Butantã e em 18 meses em todos os campi da USP.

Relacionada ao problema da iluminação está a sugestão de poda das árvores. O reitor questiona tal proposta. “Estranhei o movimento advogar corte de árvores, sem antes perquirir outros métodos que as poupassem”, afirma. Tatiane explica que os alunos não querem o corte, mas sim a poda das árvores. “Não queremos corte das árvores, queremos poda, como acontece em toda a cidade. Isso para não atrapalhar a iluminação e sinalização”. Segundo ela, lugares como a Rua do Matão, que possui muitas árvores, são perigosos à noite e a poda aumentaria a luminosidade e a segurança.

Guarda Universitária

Sobre a Guarda Universitária, os alunos propõem a formação de efetivo feminino para auxiliar em casos de violência contra a mulher. “Os guardas não sabem lidar com casos como estupros, por exemplo. Muitas vezes fazem perguntas do tipo ‘você está bêbada?’ ou ‘ah, mas você estava em uma festa, né? Aí não é estupro’. A Guarda precisa ser treinada. Existem muitas mulheres na universidade, mas a Guarda parece que está parada no tempo em que apenas homens estudavam”, reclama Tatiane. Ela também afirma que a contratação da Guarda Universitária não é feita por concursos, o que é prejudicial para a segurança do campus. “Queremos que a Guarda seja concursada e não seja indicada nem terceirizada”.

A Coordenadoria do Campus (Cocesp), afirma que a contratação de efetivo feminino já está sendo discutida desde o ano passado e que a abertura de concursos para a Guarda Universitária está em andamento, seguindo decisão do Conselho do Campus.

Circulação de pessoas

Para Tatiane, a proposta que mais precisa ser discutida é a que pede circulação de mais pessoas no campus. Segundo ela, muitos alunos ainda não entendem a ideia e, por isso, ela deve ser mais debatida. “Não queremos só que os portões sejam abertos, mas queremos que os serviços sejam abertos à população que paga a universidade”, diz. Ela afirma que o número de cursos de extensão é baixo e que o acesso às bibliotecas, por exemplo, deveriam ser abertas ao público externo.

Tal discussão, segundo ela, deveria contar com a participação de especialistas da própria universidade, como por exemplo, urbanistas. Outras reivindicações são a diminuição no intervalo entre os circulares, que diminuiria o tempo de espera dos passageiros em pontos de ônibus durante a noite e a implantação de um circular do campus até o metrô Butantã.

FAU

Os alunos da FAU têm trabalhado em vários projetos durante a greve. No curso de Design, há a ideia de criar um mapeamento aberto dos crimes que acontecem na USP através do Google Maps, de forma que as pessoas possam apontar o local onde foram vítimas de crimes. “Tudo isso são apenas ideias que estamos discutindo mas não existem planos de ação ainda. Apenas elencamos alguns problemas”, explica a aluna Uva Costriuba. Os estudantes estão buscando apoio dos professores para poderem, juntos, discutirem as ideias e possíveis ações.