Questão política

O destaque da última edição do Jornal do Campus foi a polêmica que envolveu a presença da Polícia Militar na Cidade Universitária. A manchete principal do jornal definiu bem o movimento classificando o fato como uma questão política. Já na primeira página dá os nomes dos partidos envolvidos na manifestação e as disputas internas da política estudantil, o que não vi em nenhum órgão da grande mídia. Para o público em geral e, acredito, para parte da comunidade acadêmica, há um desconhecimento sobre as forças políticas que atuam na universidade e seus programas políticos. Ou mesmo as disputas em torno da liderança do DCE, o que o JC esclareceu.

Nem mesmo no Jornal da Record News, do qual participo, isto ficou claro, uma vez que convidamos um estudante e, em duas oportunidades, a entrevista foi desmarcada. Convidamos o reitor, João Grandino Rodas, que aceitou e deu a sua versão dos fatos. Quando questionado por mim de ter sido declarado persona non grata na Faculdade de Direito, ele respondeu que isso era uma ação política coordenada pelo PCO e não pela comunidade acadêmica. Enfim, o fato ganhou grande repercussão social, uma vez que a presença da polícia foi imediatamente associada à época da ditadura militar, quando o campus foi cercado por tropas do exército.

Carros blindados do regimento Anhanguera, vindos de Quintauna, fecharam as entradas da Cidade Universitária e a Polícia Militar invadiu e desalojou os estudantes do Crusp, um foco de resistência contra a ditadura em uma manhã de domingo cinzento e frio. As reportagens publicadas foram abrangentes e contemplaram as diversas correntes de opiniões envolvidas na polêmica, o que nem sempre se vê em veículos de grande circulação, que editorializam as matérias informativas e tentam conduzir parte da opinião pública para este ou aquele lado.

Outro destaque importante da última edição do Jornal do Campus foi sobre a cobertura dos Jogos Pan Americanos. Não tenho isenção para opinar sobre a qualidade da transmissão, uma vez que fiz parte dela. O jornal acertou ao entrevistar os dois representantes da Globo e da Record, e exibir as duas respostas depois da pergunta. Isto dá ao leitor a oportunidade de avaliar criticamente o que disseram e formar sua opinião sobre a disputa entre as duas redes de televisão.

Quanto à reportagem sobre os ministros da presidente Dilma Rousseff, a matéria ouviu cientistas políticos da USP e até mesmo arriscou, de uma forma temerária, quais são os prováveis ministros que podem cair, alem disso, da forma pela qual foi editada, dá a impressão que Nelson Jobim foi demitido sob suspeita de corrupção como os demais.

Heródoto Barbeiro é jornalista e escritor. Atualmente é editor-chefe e apresentador do Jornal da Record News. Você, leitor, também pode contatar nosso ombudsman. Basta mandar um e-mail para herodoto.jc@gmail.com.