Um breve histórico da Crise dos Ministérios

Conheça os ministros que já deixaram o governo de Dilma Rousseff e os motivos que os levaram cair
Antônio Palocci (PT) | Casa Civil

Deixou o cargo em 7 de junho.

O jornal Folha de São Paulo publicou, em 15 de maio, que o patrimônio do ministro aumentara 20 vezes em quatro anos. A reportagem marcou o início do desgaste de Palocci no Ministério da Casa Civil. O petista negou as acusações de irregularidade e enviou esclarecimentos à Procuradoria Geral da República.

O procurador-geral Roberto Gurgel arquivou as denúncias contra Palocci, pois, segundo ele, não cabe ao STF o julgamento de atos de improbidade administrativa. Quase um mês depois do início da polêmica, o ministro pediu demissão. Na ocasião, Dilma Rousseff lamentou a saída de Palocci. Ex-ministro da Fazenda de Lula e uma das “cabeças” da campanha de Dilma à Presidência, Palocci foi substituído pela senadora Gleisi Hoffmann (PT).

Alfredo Nascimento (PR) | Transportes

Deixou o cargo em 6 de julho.

Em 2009, o ex-ministro enfrentou problemas com denúncias da imprensa. Na época, o Correio Brasiliense divulgou um vídeo de Alfredo Nascimento (PR) tentando cooptar o deputado Davi Alves da Silva (PDT) a integrar a bancada do PR na Câmara.

Neste ano, a revista Veja publicou reportagem sobre um suposto superfaturamento de mais de R$ 78 milhões no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), ligado ao ministério. Sob acusações de cobrança de propina em obras da pasta, quase 30 pessoas foram detidas ou afastadas. Entre os exonerados, estavam o diretor do Dnit, Luís Antônio Pagot, o chefe de gabinete do ministro, Mauro Barbosa da Silva, o assessor do gabinete, Luís Tito Bonvini, e o diretor-presidente da Valec – empresa pública de engenharia – José Francisco das Neves.

A situação se agravou quando o jornal O Globo denunciou um aumento de 86.500% no patrimônio do filho de Nascimento, Gustavo Moraes Pereira, que manteria relações com empresas ligadas ao ministério.

Nascimento negou as acusações e autorizou a Procuradoria-Geral da República a abrir investigação e quebrar seus sigilos bancário e fiscal. A pedido da presidente Dilma Rousseff, a Controladoria Geral da União investiga as acusações. O ministro pediu demissão em 6 de julho e entregou o cargo a Paulo Sérgio Passos (PR).

Nelson Jobim (PMDB) | Defesa

Deixou o cargo em 4 de agosto.

Em entrevista à revista Piauí, em agosto, Nelson Jobim (PMDB) fez declarações incômodas sobre membros do governo.  O ministro – que no fim de julho já havia declarado voto em José Serra (PSDB), principal opositor de Dilma nas eleições de 2010 – chamou Ideli Salvatti (PT), ministra das Relações Institucionais de “fraquinha” e acusou a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), de “nem sequer conhecer Brasília”.

O peemedebista foi afastado e substituído por Celso Amorim (PT), ex-ministro das Relações Exteriores no governo Lula.

Wagner Rossi (PMDB) | Agricultura

Deixou o cargo em 17 de agosto.

O ex-diretor financeiro da Central Nacional de Abastecimento (Conab), Oscar Jucá Neto, exonerado do cargo por repassar R$ 8 milhões à empresa de um laranja, revelou à revista Veja esquemas de corrupção envolvendo o órgão e o Ministério da Agricultura.

As denúncias em série, envolvendo desvio de dinheiro público e relações suspeitas entre membros do ministério e lobista desestabilizaram Wagner Rossi (PMDB). O ministro ainda foi acusado de viajar em jatinhos particulares de empresas que têm contrato com o governo, o que viola o Código de Ética Pública.

Rossi negou a maioria da acusações e culpou a imprensa por “achincalhe moral”, mas admitiu ter voado “umas três ou quatro vezes” no jato da referida empresa. As denúncias levaram ao pedido de demissão do ministro e à saída do secretário-executivo do ministério, Milton Ortolan. Dilma Rousseff lamentou a demissão de Rossi e disse que o ministro contou com o “princípio da presunção da inocência”. O deputado Mendes Ribeiro Filho (PMDB) assumiu o cargo.

No final de outubro, a Polícia Federal indiciou Wagner Rossi aos crimes de peculato, formação de quadrilha e fraude em licitações.

Pedro Novais (PMDB) | Turismo

Deixou o cargo em 14 de setembro.

No início de agosto, uma operação da Polícia Federal prendeu mais de 30 pessoas ligadas ao ministério, sob acusação de fraude em convênios firmados pela pasta. Uma semana depois, os acusados foram soltos com hábeas corpus.

No mês seguinte, a Folha de S. Paulo publicou reportagem mostrando que a mulher do ministro Pedro Novais (PMDB) utilizava irregularmente um funcionário da Câmara dos Deputados como motorista particular. O mesmo jornal descobriu que a governanta pessoal de Novais recebia salário da Câmara como secretária parlamentar.

Pedro Novais – que havia sido indicado à presidente pelo presidente do Senado José Sarney (PMDB) – pediu demissão do cargo. Dilma, em reunião com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) escolheu o também peemedebista Gastão Vieira para preencher a pasta.

Orlando Silva (PCdoB) | Esporte

Deixou o cargo em 26 de outubro.

Preso no ano passado, acusado de participar de um esquema de desvio de dinheiro pelo PCdoB, o policial militar João Dias Ferreira declarou à Veja do dia 15 de outubro que o então ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB), recebia dinheiro desviado do programa Segundo Tempo – que repassa verbas a ONGs para incentivar a prática de esportes entre os jovens.

As denúncias da imprensa sobre o esquema continuaram com reportagens da Folha de S. Paulo e do Fantástico, que afirmaram a participação do ministro em diferentes esquemas de benefício e desvio de recursos de ONGs.

Em 26 de outubro, Orlando Silva pediu demissão e será substituído por Aldo Rebelo (PCdoB), que tomou posse no dia 31.