Assembleia dos estudantes vota contra reinício da greve

A assembleia geral dos estudantes, no dia 20 de março, votou contra o reinício da greve e deliberou que novas paralisações seriam aprovadas primeiramente em assembleias de cursos. O modelo do Comando de Mobilização, aberto a todos os alunos interessados e com decisões tomadas por consenso desde a assembleia do dia 8 de março, foi derrubado. Ele passa a ser formado por delegados eleitos nos cursos, os únicos a terem votos no Comando. A assembleia aconteceu no vão da História/Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).

Reunidos no vão da História, alunos votaram contra a greve em assembleia esvaziada (foto: Daniela Frabasile)
Reunidos no vão da História, alunos votaram contra a greve em assembleia esvaziada (foto: Daniela Frabasile)

O número de delegados será proporcional ao número de presentes nas assembleias das unidades e cursos. Para cada 20 estudantes, são eleitos um delegado e um suplente. O aluno Murilo Magalhães, de Filosofia, defendeu a decisão da assembleia. “A medida votada na assembleia do dia 8 foi aparentemente mais democrática, mas gerou esvaziamento das reuniões do comando”. De acordo com ele, o último encontro conseguiu reunir cerca de 20 pessoas, número pouco representativo do corpo discente da USP, formado por mais de 75 mil pessoas. Carime Thomazini, estudante de Arquitetura, concorda: “Isso gerou certa desmobilização de alguns delegados, que estavam envolvidos com o movimento desde o começo”.

Para João André Silva, aluno de Letras, o Comando deveria ter delegados eleitos, mas, nas reuniões todos os alunos interessados deveriam ter direito a voz e voto. “Alguns cursos têm mais potencial de mobilização. Um delegado para cada 20 pessoas é pouco”. Segundo o estudante, quanto maior a participação, mais democráticas são as decisões tomadas nas reuniões.

A mesa foi trocada no meio da assembleia. Em votação para a ordem das deliberações, a primeira proposta foi a de se votarem primeiramente questões relacionadas ao movimento e à greve. A segunda, de que se votassem primeiro o adiamento das eleições do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP, marcadas para a semana do dia 26 de março. A mesa, formada por participantes do Comando de mobilização, não viu contraste para nenhuma proposta e os votos tiveram de ser contados. A proposta número um recebeu 135 votos, a segunda, 117 e as abstenções ficaram em 38, totalizando 290 pessoas na assembleia. Segundo o artigo 14º do Estatuto do DCE, o quórum mínimo para que uma assembleia seja deliberativa é de 375 estudantes.

A mesa, apesar de já ter declarado assembleia deliberativa anteriormente, entendeu que o Estatuto deveria ser respeitado, e que, portanto, a assembleia seria apenas indicativa. A contradição gerou protestos do plenário, que votou pela substituição da mesa. A nova composição foi formada por alunos não necessariamente ligados ao DCE ou ao Comando.

A primeira assembleia do ano, em 8 de março na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), votou a favor do término a greve, iniciada em novembro de 2011. Dentre as deliberações, foi aprovado indicativo de greve para a assembleia de quinta-feira, 20, e a transformação do “Comando de greve” em “Comando de mobilização”. Além disso, os estudantes presentes na assembleia aprovaram paralisação das aulas e ato em frente à Reitoria no dia 15.

Essa “aula de democracia”, como foi denominada na assembleia, recebeu sete professores da área de Humanas, alunos de unidades como FFLCH, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), Escola de Comunicações e Artes (ECA), Instituto de Física (IF) e funcionários da Universidade.

Calendário

22/03 – 17h: Ato em frente à Reitoria. Chamado pelo Comitê Unificado contra a Repressão, contra os novos circulares.

27 a 29/03: Eleições para o DCE

12/04 – Ato-debate no Prédio da História/Geografia em memória ao Professor Aziz Ab’Saber e aos mortos pela Ditadura Militar, pela democratização da universidade, contra a militarização do campus e a repressão;

19/04 – 18h: Assembleia geral dos estudantes da USP no Prédio da História/Geografia