Aula pública reúne professores, funcionários e alunos em debate sobre democracia

Cerca de 350 pessoas, segundo estimativa do Jornal do Campus, discutiram a democracia, dentro e fora da USP, em frente à reitoria. Além de alunos de unidades como FFLCH, ECA e FAU, participaram sete professores da área de Humanas, funcionários e organizações estudantis não necessariamente ligadas à USP, como a Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre (ANEL). A greve ocorrida entre outubro de 2011 e fevereiro de 2012 foi, para os professores, reflexo ou o primeiro passo para a luta que pode ocorrer “fora desses muros” e, por isso, não podem parar.

Estudantes em frente à reitoria somaram cerca de 350 pessoas, segundo estimativa do JC (foto: Paula Zogbi Possari)
Estudantes em frente à reitoria somaram cerca de 350 pessoas, segundo estimativa do JC (foto: Paula Zogbi Possari)

Para o docente Henrique Carneiro, de História, os alunos estão respondendo ao anseio do povo, que não suporta mais ser reprimido. “A PM, que aponta arma para estudante negro, não consegue prover a segurança de que a sociedade precisa”. De acordo com ele, a batalha por democracia não é da USP, mas sim dessa sociedade. Ricardo Musse, professor das Ciências Sociais, compara a manifestação na reitoria com aquelas que aconteciam durante a ditadura: “Não achava que voltaria a participar de atos em busca da democracia, tão comuns durante o regime militar”.

Jorge Luiz Souto Maior, docente da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, viu a aula pública desta quinta-feira, 15, como prova de que não se pode calar diante de ataques à democracia. “O medo não deve ter morada em universidades públicas. Aqui, não passa a regra do ‘não falarás’”. Já segundo Luiz Renato Martins, professor da ECA, a luta, no entanto, deve ir além da fala e se consolidar na ação direta, com greves e paralisações.

Professor Jorge Souto Maior, do Largo São Francisco, defendeu o direito de fala dos alunos (foto: Paula Zogbi Possari)
Professor Jorge Souto Maior, do Largo São Francisco, defendeu o direito de fala dos alunos (foto: Paula Zogbi Possari)

Também tiveram voz funcionários, alunos e integrantes de outras associações, tal como a Rede Emancipa de Cursinhos Populares e o Fórum Popular de Saúde, que aprovaram as manifestações estudantis. Estudantes de unidades nem sempre ativas no Movimento Estudantil, como IME, IF e IAG também estavam presentes: “Conseguimos trazer pessoas dessas escolas, aqui estamos todos juntos”, disse Adrian Fuentes, aluno de Matemática.

O ato, aprovado pela assembleia geral dos estudantes no dia 8 de março, foi organizado pelo Comando de Mobilização, aberto à participação de todos os estudantes interessados. Na próxima terça-feira, 20, às 18h, o Comando convoca nova assembleia geral de estudantes, no vão da História.