Carta-resposta da Adusp ao JC

A propósito da reportagem “Em reunião com Adusp, Reitor propõe acordo a respeito de interpelação judicial” (Jornal do Campus, edição 391, primeira quinzena de abril, p.3), a Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp) considera essencial fazer os seguintes reparos:

1 – Carece de fundamento a seguinte afirmação do texto: “Indignada com o que considera falta de transparência das medidas tomadas pelo Reitor, a Associação dos Docentes questiona a forma de gerenciamento das verbas da Universidade e o destino final a elas reservado”.

Independentemente da posição da entidade acerca dos temas acima mencionados, a diretoria da Adusp não fez estas declarações; criticou, isso sim, determinadas opções orçamentárias da administração que eventualmente tenha considerado não prioritárias para a USP.

2 – Em momento algum, membros da diretoria da Adusp fizeram quaisquer afirmações sobre “desvio de verbas acadêmicas para construções” [sic]. Esta frase, aliás, sequer consta do editorial do jornal O Estado de S. Paulo (OESP) de 25/2/2012, base da interpelação judicial da Reitoria contra a diretoria da Adusp.

3 – Também a frase seguinte é inexata e não corresponde ao teor das declarações da entidade: “O maior problema, no entanto, para a Adusp é a falta de transparência da administração da Universidade quanto à remoção de diversos funcionários do campus de Pinheiros para outros locais (…) e o investimento na realização de reformas e construção de novos prédios dentro e fora do campus. Dinheiro que deveria, de acordo com a Associação, ser destinado tanto para a renovação do quadro de docentes da Universidade quanto para a reciclagem e reposição de equipamentos essenciais às aulas”.

Novamente, a diretoria da Adusp não fez tais declarações. Em primeiro lugar, a transferência de vários órgãos da Reitoria para diferentes pontos da cidade é sim criticável, não só por “falta de transparência”, mas pela opção em si. Em segundo lugar, o comentário que a direção da Adusp fez sobre falta de equipamentos em sala de aula foi um contraponto à decisão da Reitoria de instituir um prêmio anual para alguns docentes, como pretensa forma de valorizar a graduação.

4 – A reportagem afirma ainda que “a gota d’água” para tais supostas manifestações da Adusp teria sido a proposta da Pró-Reitoria de Graduação, aprovada no CoG, de criação do citado prêmio. Convém enfatizar, portanto, que sobre este assunto a professora Heloísa Borsari limitou-se a dizer o seguinte: “Achamos que há outros mecanismos para avaliar o desempenho do docente, sem um prêmio. E não dá para pensar em uma política como essa vivendo a realidade da USP, com salas lotadas, falta de professores e sem equipamentos básicos para as aulas” (OESP, 21/2/2012).

5 – Por fim, o texto publicado no JC refere-se à “ata disponível no Informativo [Adusp] 342, da reunião de 3 de abril entre a Adusp e o reitor [que] descreve que foi firmado compromisso entre as partes de que estas deveriam tentar se ajudar na solução de conflitos dentro da Universidade”.

Na verdade não se trata de “ata”, mas de um relato da professora Zilda Iokoi, da FFLCH, sobre a reunião de um grupo de docentes com o reitor, com o intuito de manifestar-se contrariamente a práticas da Reitoria que não indicam disposição ao diálogo e, em especial, à interpelação judicial. Portanto não se tratou de reunião entre a Adusp e o reitor. Assim sendo, o compromisso ali citado diz respeito apenas a quem participou do encontro: aquele grupo de docentes, de um lado, e o reitor, de outro lado.

Atenciosamente,
Diretoria da Adusp
23 de abril de 2012

Carta enviada pela Adusp ao Jornal do Campus. Fale com a redação.

A repórter do Jornal do Campus mantém as informações divulgadas na edição anterior.