Divergências adiam votação de regimento da Pós-Graduação

Alunos pedem que novo regimento da pós-graduação seja discutido por mais seis meses; votação ficou para o dia 25 de abril

Na última quarta-feira (28), estudantes da USP se reuniram em um ato-protesto na frente do prédio da reitoria contra a aprovação do novo regimento de pós-graduação. A concentração começou às 9h30, enquanto chegavam ao local membros do Conselho de Pós-Graduação (CoPGr) que participariam da discussão e, possivelmente, votação, do documento. A proposta retirada da Assembléia Geral dos Estudantes de Pós-Graduação do campus Butantã do dia 21 de março é a de que as discussões acerca do regimento sejam prorrogadas por, no mínimo, mais seis meses, transferindo a votação para o final deste semestre ou início do próximo.

Em ato-protesto, alunos reiteram que são necessárias mais discussões sobre o novo regimento (foto: Jéssika Morandi)
Em ato-protesto, alunos reiteram que são necessárias mais discussões sobre o novo regimento (foto: Jéssika Morandi)

Um dos motivos alegados para tal é que a 4ª versão do documento, elaborada após a consulta pública do campus da capital – quando alunos, professores e funcionários apontaram sistematicamente incongruências nas novas propostas – só chegou ao conhecimento das Comissões de Pós-Graduação (CPGs) e dos representantes discentes do CoPGr na terça-feira, um dia antes da data marcada para a votação. Esse seria mais um exemplo da “aprovação apressada do novo regimento”, termos citados pelos alunos no texto de convocação para o ato-protesto.

Alguns pontos importantes que foram modificados da 3ª para a 4ª versão, segundo informado no ato-protesto, são a não reprovação do aluno somente a partir do parecer escrito da banca examinadora anterior à defesa de sua pesquisa; a extensão do prazo para realização do exame de qualificação de 12 – como constava na versão anterior – para até 18 meses; e a não supressão do artigo 125 do atual regimento, parágrafo único, que diz respeito à não cobrança de taxas aos alunos.

Mesmo com essas mudanças, muitos pontos da nova proposta ainda são polêmicos. A professora Rita de Cássia Ariza da Cruz, coordenadora do Programa em Geografia Humanada Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), está acompanhando de perto as discussões sobre a reforma e sintetizou a argumentação feita pela comunidade acadêmica contra o novo regimento por meio de um texto disponível na internet. Nele, entre outras coisas, a professora critica a aceleração da formação dos mestres e doutores da USP em prol do produtivismo. Em suas palavras: “Alguém duvida de que prazos menores e professores e alunos focados na produção-fim (ou seja, a produção por ela mesma) contribuem significativamente para piorar a qualidade da pós-graduação?”.

Ao se pronunciarem na ocasião do ato-protesto, representantes discentes (RDs) do CoPGr afirmaram que o novo regimento apresenta tanto pontos bons quanto ruins para a pós-graduação em geral. “Tem algumas coisas boas, mas a maioria prejudica aos alunos da pós. Nossa estratégia será tentar ganhar tempo para mais discussões”, disse o RD Gabriel Ricardo, mestrando em odontologia da USP de Bauru.

A reunião do CoPGr de 28 de março refletiu a rejeição da comunidade acadêmica e não foi possível chegar a um consenso. Destaques relativos aos pontos mais polêmicos das propostas foram feitos pelos membros do CoPGR e do grupo de trabalho responsável pela elaboração do documento. Estes últimos deverão construir e apresentar uma versão mais conciliadora na próxima reunião do Conselho, marcada para o dia 25 de abril. Antes disso, no início do mês, as propostas atualizadas deverão chegar ao conhecimento das unidades uspianas. Somente se for aprovado no CoPGr com maioria de votos o novo regimento poderá ser encaminhado ao Conselho Universitário e, caso acatado, entrar em vigor.