MAC traz Hervé Fischer ao Brasil e discute passado, presente e futuro da arte

Farmácia Fischer & Cia, 1975, de Hervé Fischer (plástico, isopor, carimbo, fotografia e off set sobre papel) (imagem: Reprodução)
Farmácia Fischer & Cia, 1975, de Hervé Fischer (plástico, isopor, carimbo, fotografia e off set sobre papel) (imagem: Reprodução)
“Mais poder de criação e mais liberdade implicam em mais responsabilidade. Essa tomada de consciência é fundamental para compreendermos a importância da ética na arte de hoje”. Com essas palavras, o artista multimídia e filósofo francês Hervé Fischer deu uma prévia da série de discussões que pretende trazer ao Brasil no próximo mês de maio, quando será o protagonista de um seminário e de uma exposição organizados no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP).

Fischer foi um dos fundadores, em 1974, do Coletivo de Arte Sociológica – movimento que enfatizou a importância do uso das novas tecnologias como um meio para a crítica social através da arte – ao lado de Jean-Paul Thénot e Fred Forest. Já atuou como professor de Sociologia da Cultura e da Comunicação na Universidade de Sorbonne, em Paris. No Canadá, país em que vive desde os anos 1980, é considerado o “pai da multimídia”. Entre os livros de sua autoria estão Arte e Comunicação Marginal (1974), Teoria da Arte Sociológica (1976), A Sociedade no Divã (2007) e o Porvir da Arte, lançado em 2010.

A responsável pela sua vinda ao país é Cristina Freire, que assina a coordenação do seminário e a curadoria da exposição. “Há muitos anos, realizamos aqui na USP pesquisas e estudos sobre a arte conceitual de Hervé Fischer. Já tínhamos inclusive algumas obras dele no acervo do MAC. Ao trazê-lo ao museu procuramos instaurar aqui uma reflexão crítica sobre a natureza da arte, sobre as suas instituições e sobre a maneira com que ela aparece no mundo atual”, disse a organizadora.

“A arte, após as manifestações surgidas a partir da segunda metade dos anos de 1960, nunca mais foi a mesma, merecendo, portanto, estudos que possam redimensionar sua importância e significação para a arte que se produz hoje”, completou Tadeu Chiarelli, diretor do MAC.

O seminário, que será realizado entre os dias 7 e 11 de maio no Auditório do MAC Cidade Universitária, será intitulado O Porvir da Arte (homônimo de seu mais recente livro) e dividido em cinco temáticas principais: Crise da Arte Pós-moderna, Arte Digital frente às Belas Artes e às Belas Artes Digitais, Arte Sociológica, Arte e Filosofia, e Estética Interrogativa. Já a exposição Arte Sociológica e Conexões, que será inaugurada dia 8 de maio na mesma unidade do museu, será composta por 25 obras do artista já presentes no acervo mais quatro trabalhos inéditos, incluindo um que será produzido in loco. Documentos, catálogo, imagens e vídeo com entrevista cedida pelo artista também vão integrar o material da mostra.

Fischer assumiu ter uma forte ligação não só com o MAC, mas com o Brasil, graças ao comportamento “orientado ao hibridismo cultural” que o país adota. Terreno ideal, segundo ele, para a proliferação de suas discussões. “Minha intenção é a de apresentar por aí um pouco da história e da prática da arte sociológica. E, apesar de ela se limitar aos anos 1970, continua absolutamente válida para a atualidade. O mundo muda, mas as atitudes dos artistas sociológicos seguem existindo, mesmo que de outras maneiras, em outros contextos”, finalizou.