Projeto da Nova ECA é apresentado em reunião

Com departamentos e áreas comuns distribuídas entre seis andares, o pré-projeto apresentado não atende a todas as demandas dos cursos e dos estudantes

O projeto para a nova sede da Escola de Comunicações e Artes (ECA) foi apresentado pela diretoria da ECA e pela Superintendência de Espaços Físicos (SEF) em reunião com os chefes de departamento, o Centro Acadêmico Lupe Cotrim (CALC) e outros professores e funcionários. As demandas apontadas pelos departamentos não foram completamente atendidas.

Perspectiva interna do novo prédio de mais de 35 mil m² para a Escola de Comunicações e Artes (ECA) (foto: Superintendência de Espaços Físicos)
Perspectiva interna do novo prédio de mais de 35 mil m² para a Escola de Comunicações e Artes (ECA) (foto: Superintendência de Espaços Físicos)

Segundo o professor Mauro Wilton, diretor da ECA, os documentos apresentados são apenas um pré-projeto para a Escola, passível de mudanças de acordo com a avaliação dos departamentos. Apesar disso, de acordo com Sérgio Assumpção, diretor da SEF e um dos responsáveis pelo projeto, grandes modificações não poderão ser feitas quanto à área proposta. “O pré-projeto atende ao já solicitado pelos departamentos da Escola”, alega.

A principal dúvida levantada pela apresentação do pré-projeto diz respeito às áreas destinadas a cada departamento. No levantamento volumétrico inicial, realizado por arquitetos contratados pela SEF, o Departamento de Publicidade e Propaganda, Relações Públicas e Turismo (CRP), por exemplo, possuía 1419 m². O departamento demandou um acréscimo de 2290 m², mas no pré-projeto tem apenas 570 m² no total, contando com salas de aula, salas de professores e administração.

Algo parecido ocorre com o Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE), que possui uma área total de 1525 m² e demandou mais 1283 m². Na projeção, o departamento tem 681 m² e não apresenta espaços destinados a núcleos de pesquisa, empresas juniores, projetos de extensão ou laboratórios, como existem atualmente no CJE. A ideia do pré-projeto é aglutinar, num mesmo andar, todos os núcleos de pesquisa da escola; em outro, ficarão todos os laboratórios.

Em projeto verticalizado, a “Nova ECA” possuirá departamentos distribuidos ao longo de seis andares (foto: Superintendência de Espaços Físicos)
Em projeto verticalizado, a “Nova ECA” possuirá departamentos distribuidos ao longo de seis andares (foto: Superintendência de Espaços Físicos)

Para parte das aulas, o projeto prevê a utilização de salas compartilhadas entre departamentos. De acordo com Assumpção, as necessidades que o projeto procurou satisfazer foram as formuladas pela Escola, “dentro de um conceito de unidade na diversidade e privilegiando a convivência dos alunos/professores”. Ainda assim, o compartilhamento não foi esclarecido para os departamentos.

O Departamento de Música (CMU), recebeu aumento em sua área. Atualmente, ele tem 1804 m² e o pré-projeto apresenta de 4415 m², valor superior à sua demanda. “A estrutura atual já há muito tempo compromete nosso trabalho e inviabiliza qualquer perspectiva de crescimento”, diz Eduardo Monteiro, chefe do departamento. “Temos especificações inerentes à nossa área de atuação, como por exemplo isolamento sonoro de qualidade e uma dimensão para salas de aula que possibilite condições acústicas mínimas”, completa ele.

Nas plantas, não foram identificadas áreas destinadas às entidades ECA Jr., Jornalismo Júnior, Com Arte Jr. e os projetos de extensão Redigir e Rosa dos Ventos. “O que temos agora é relativamente suficiente para nós, então ficamos com receio de perder este espaço”, pondera Rodrigo Brancaglioni, presidente da ECA Jr. Camila Cysneiros, diretora administrativa da Com Arte Jr., problematiza: “Já foi uma batalha para conseguir a sala atual”.

Questionamentos

A planta apresentada não prevê áreas abertas e autônomas de vivência. Atualmente, o CALC e a ECAtlética partilham um espaço independente do prédio administrativo e dos departamentos. Isso permite às entidades a realização de atividades que se estendam para além das 23h, horário em que esses prédios são fechados. “O atual projeto não contempla as necessidades dos departamentos. Além disso, somos contra a Nova ECA também pela restrição das áreas dos estudantes e pela verticalização do prédio”, afirma Tatiane Ribeiro, diretora do CALC.

O Centro Acadêmico questiona também o valor destinado às obras, bem como sua origem. Procurada, a assessoria de imprensa da Reitoria afirmou não dispor deste dado, mas garantiu que os recursos envolvidos estão discriminados no orçamento da Universidade.

O Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), localizado no mesmo prédio que o CALC e a ECAtlética, não foi informado pela Reitoria ou qualquer outro órgão oficial sobre seu destino. “A retirada do sindicato desse local é uma forma de desmobilizar os funcionários”, diz Magno de Carvalho, diretor do Sintusp. Para Ricardo Gaspar, funcionário da ECA, a transposição da unidade para um prédio verticalizado é preocupante. “A disposição dos funcionários é diferente, teremos outra cultura e filosofia administrativa para a qual não estamos treinados”, pondera.

Próximos passos

No último dia 23, foi realizada uma nova reunião entre a Diretoria da ECA, os chefes de departamento e o CALC, cujo objetivo consistia em criar uma agenda das próximas atividades relativas ao projeto da Nova ECA. A partir de agora, serão agendadas reuniões dentro de cada departamento com os docentes, funcionários e alunos para que os arquitetos responsáveis pelo projeto possam explicá-lo e tirar as dúvidas da comunidade acadêmica.