Centenário de Mazzaropi reforça importância da cultura caipira para o Brasil

Ele nasceu na capital paulista, mas é caipira por escolha e por vocação. No mês de abril, caso ainda fosse vivo, Amácio Mazzaropi completaria 100 anos. O ator deu adeus aos palcos aos 69 anos, por conta de um câncer na medula óssea e não chegou a completar o seu 33° filme. De origem humilde, Mazzaropi mudou-se ainda criança com sua família até o interior do Estado e passou boa parte de sua vida na cidade de Taubaté.

Foi no interior que o artista descobriu o filão caipira. No entanto, segundo Carlos Augusto Calil, professor do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão (CTR), da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP, não foi ele quem inventou esse tipo de personagem. “Genésio Arruda já era famoso por interpretar o estilo ‘caipira esperto’”, conta. Mas foi preciso uma visão empreendedora para fazer com que um simples personagem virasse uma febre nacional. Como “Jeca”, Mazzaropi cativou o público. Todo dia 25 de janeiro era lançado um novo filme, pela sua própria produtora. “A fila do cinema dava voltas no quarteirão. Eu vi isso e não foi ninguém que me contou”, lembra o professor.

Apesar da reluta dos pais, Mazzaropi começou a viajar com o circo ainda adolescente. Foi para o teatro, do teatro para o rádio e do rádio para a televisão e o cinema. Famoso em todas as plataformas, Mazzaropi deve muito de seu sucesso a sua sensibilidade em descobrir os temas que cativavam o público. “[Antes de Jeca] ele fez coisas boas também. Mas passou muitos anos tentando e ficou com o personagem até o fim, porque tinha descoberto o que dava certo”, explica Calil. Para o professor, “a cultura caipira tem muita força no Brasil e continua, mesmo com a atual nomeação de ‘cultura sertaneja’, como um dos principais gostos do brasileiro”.