Cepe vira canteiro de obras e atrapalha atletas

Reformas do complexo finalmente saíram do papel, mas melhorias de quadras e instalações esportivas ficam em segundo plano

“Eu não consigo ver uma obra nesse ano ainda, mas, no ano que vem, vai explodir um monte”. A declaração dada em 2011 por Carlos Bezerra, diretor do Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp), se confirmou. Atualmente, o complexo esportivo se transformou em um autêntico canteiro de obras. A paisagem, antes formada exclusivamente por atletas e instalações esportivas, agora se mistura com pedreiros e aglomerações de materiais de construção.

“Só venho aqui quando tenho jogo das competições da USP. E fazia tempo que não via tanta área interditada, em reforma”, revela André Mota, aluno do curso de Gestão de Políticas Públicas, da Escola de Artes Ciêcias e Humanidades da USP (EACH), na zona leste da cidade. No entanto, apesar de reconhecer que as obras estão finalmente sendo realizadas, a lentidão e a prioridade do que é reformado são alvos de críticas: “Se para reformar essas áreas, que parecem ser simples, demorou tanto tempo, imagine para mexer nos módulos, que é o maior dos problemas, principalmente quando chove?”, critica o aluno da EACH.

(fotos: Giuliano Tonasso Galli)

Atrasos e lentidão

De fato, as obras no Cepe demoraram a começar. O plano diretor que está sendo colocado em prática somente agora, demorou pelo menos dois anos para ficar pronto. Além dele, o Programa USP Olimpíadas 2016, de suporte e incentivo ao esporte, visando os jogos olímpicos do Rio de Janeiro, também prevê diversas obras no complexo uspiano. Os dois projetos, quando concluídos, contemplarão praticamente todas as demandas dos frequentadores e trarão um espaço completamente renovado.

Estão previstas a implementação do sistema de aquecimento da piscina, a troca do piso e do teto dos módulos, o balizamento da raia, a reforma do estádio e do velódromo, e até a construção de um alojamento próximo à área da raia. Por se tratarem de obras complexas, a lentidão é, até certo ponto, compreensível. Um exemplo curioso, que comprova a morosidade com que a reforma do Cepe é conduzida, é o da academia localizada embaixo do Velódromo. Chamada de “Tétano” pelos seus frequentadores, devido à precariedade dos aparelhos, ela está interditada desde o final do ano passado, quando entrou em reforma. No início deste ano, era possível ver uma faixa na entrada da academia que prometia a inauguração para o dia 18 de abril. No entanto, o espaço ainda está em reforma, e a faixa foi substituída por outra que não prevê uma data de reinauguração.

Reforma em má hora?

Mas apesar de reconhecerem que, no futuro, as reformas trarão melhorias, os frequentadores do Cepe têm diversas reclamações sobre a situação atual do complexo. “Semana passada, treinei na quadra 7, e ela estava praticamente inutilizável, devido à quantidade de areia, usada na reforma do corredor de acesso. Estava até perigoso”, conta Guilherme Manarin, atleta do time de futsal da ECA. Outra crítica bastante feita pelos atletas, e repetida por Guilherme, é em relação ao período em que as obras começaram a se multiplicar no Cepe: “Estamos há menos de um mês dos principais jogos universitários do estado, como o Interusp e o Juca, além das finais da Copa USP. Ou seja, é o período em que o Cepe fica mais cheio, pois os times se dedicam mais aos treinos. E com tantas áreas interditadas e tanto material de construção espalhado ao redor das quadras, os atletas são prejudicados”.

Não há uma confirmação oficial de quanto a USP destinou para ser gasto nas reformas do Cepe. Mas a intenção de se utilizar o complexo como sede de treinos para a preparação de algumas seleções nacionais, visando tanto a Copa do Mundo de 2014, como os Jogos Olímpicos de 2016, indicam que a quantia deve ser grande. Para se ter uma ideia, na execução do complexo esportivo que será erguido no Ibirapuera, para atender aos alunos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, o orçamento previsto é de mais de quarenta milhões de reais.