Crimes na USP caem no último ano, mas alunos ainda se sentem inseguros

Em setembro de 2011, menos de quatro meses depois da morte de Felipe Ramos de Paiva, a universidade assinou um convênio com a Polícia Militar. Desde o assassinato do estudante no estacionamento da FEA os registros de crimes na USP caíram, segundo dados oficiais divulgados pela PM. Os números mostram que o roubo de veículos caiu de 13 casos no primeiro quadrimestre de 2011 para 1 no mesmo período de 2012. Os furtos registrados foram de 125 em 2011 para 104 em 2012, e os casos de lesão corporal dolosa tiveram queda de 73%, passando de 11 para 3 no período analisado.

Crimes na USP em 2011 e 2012 (gráfico: Meire Kusumoto)
Crimes na USP em 2011 e 2012 (gráfico: Meire Kusumoto)

Embora a PM classifique o nível de segurança atual como “muito bom”,  os estudantes ainda não se sentem seguros dentro do campus e continuam questionando a atuação da Polícia Militar na universidade. O estudante de Economia Guilherme Denes não sente nenhuma diferença prática de um ano para cá: “A USP não mudou nada por causa da PM, a sensação de insegurança continua existindo”. Uma aluna do primeiro ano de Relações Internacionais que preferiu não ter seu nome revelado acrescenta que “o que dá segurança é a circulação de pessoas. A presença da PM não, até porque a gente não vê muito a PM por aí”. Segundo a Polícia Militar há 27 policiais trabalhando no policiamento do campus – por onde passam diariamente cerca de 100 mil pessoas.  Vale lembrar ainda que, em março deste ano, o policial reformado Luiz De Castro Júnior foi nomeado Superintendente de Segurança da USP.

A PM atua na USP com uma unidade do programa de radiopatrulha e, das 7h às 23h também com uma Base Comunitária Móvel composta por 3 policiais militares, 2 patrulhas com motocicletas e com um policial no Hospital Universitário. Apesar disso, Fábio Teixeira, aluno da pós-graduação em Filosofia, diz não ver diferença prática em comparação com 2011. “Não mudou nada no dia-a-dia. Os acidentes aconteceram, a PM entrou, mas não sei a quem isso favoreceu. Agora aumentou a insegurança dos estudantes e o medo de serem abordados, principalmente aqueles que querem se vestir ou portar de maneira diferente do que é tido como normal”. A aluna Beatriz Sanchez, de Relações Internacionais, concorda. “Ainda há questões a serem resolvidas, como uma melhor iluminação e uma Guarda Universitária mais preparada. Essas medidas são muito mais efetivas do que a própria presença da PM, que as vezes intimida os alunos”.

A estrutura da PM no campus Butantã (infográfico: Paula Zogbi Possari)
A estrutura da PM no campus Butantã (infográfico: Paula Zogbi Possari)