71,9% dizem não, mas catracas vencem na FEA

Alunos votaram contra, mas funcionários e professores aprovaram a instalação de catracas na unidade. A diferença entre os funcionários foi de 5 votos

A partir de agora, para entrar na FEA será necessário passar por catracas. Em plebiscito realizado entre os dias 28 de maio e 1º de junho decidiu-se pela instalação do equipamento na entrada da unidade como medida de segurança. Puderam votar alunos de graduação e pós-graduação, funcionários e professores da FEA. A divulgação do resultado estava prevista para segunda-feira (4) no site da Faculdade, mas foi adiantada para a noite de sexta-feira.

Participaram da votação 1137 pessoas. A grande maioria foi de alunos: 936 (84,7% do total); seguidos de professores, 93 (8,2%), e funcionários, 81 (7,1%). Seguindo o sistema de voto paritário, cada maioria daria um voto para a sua categoria. O nível de rejeição/aprovação entre professores e alunos foi parecido: 78,71% dos alunos (758) votaram contra a proposta e 75,34% (71) dos professores foram favoráveis. Já entre os funcionários a disputa foi acirrada e o voto de sua categoria se decidiu por uma diferença de apenas cinco votos: foram 38 funcionários contra e 43 a favor. Em números absolutos, o não às catracas foi maior, com 818 votos (71,9%), e o sim ficou com 319 (28,1%).

1137 pessoas votaram no plebiscito, a maioria composta por estudantes (foto: Paulo Fávari)
1137 pessoas votaram no plebiscito, a maioria composta por estudantes (foto: Paulo Fávari)

A instalação de catracas faz parte de uma série de medidas que vêm sendo tomadas desde a morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, ocorrida em maio do ano passado. Nelas estão incluídas também a instalação de cerca de 150 câmeras por toda a unidade, para reforçar as 50 existentes até então, e a instalação do novo sistema de iluminação no estacionamento.

Repercussão

Antonio Ravioli, estudante de Economia e vice-presidente do Centro Acadêmico Visconde de Cairu (CAVC), informa que “o CAVC não questiona a validade do plebiscito, pois estávamos cientes de todo o processo e da maneira como esse ocorreria”. No entanto, o Centro Acadêmico irá lançar uma proposta de consenso, para se instalar as catracas apenas em locais tidos como mais sensíveis (FEA II, FEA III, FEA V, Biblioteca e acesso ao segundo andar do FEA I). Dessa forma, argumenta Ravioli, seria possível haver catracas e ainda assim ter acesso livre a áreas comuns dos prédios da unidade.

Procurado pelo JC após a divulgação do resultado, Reinaldo Guerreiro, diretor da FEA, informou por email “Estou no meio de um seminário. Não tenho como dar atenção ao jornal neste momento”.

Controle

Um ponto muito discutido entre a comunidade FEA durante a semana do plebiscito foi a questão do controle. Segundo a diretoria, as catracas servirão para identificar quem entra na Faculdade, o que, de acordo com a diretoria, é impossível somente com as 200 câmeras espalhadas pela unidade.

Reinaldo Guerreiro, diretor da Faculdade, ainda frisa que as catracas não impedirão o acesso das pessoas aos prédios da FEA. Funcionários e alunos da unidade, no entanto, temem que elas sejam utilizadas como ferramenta de controle de frequência, obrigando-os a permanecerem no prédio.

Quando Paiva morreu, o carro de Rafael Suzuki Paris, estudante de Administração, estava estacionado ao lado. Paris não votou no plebiscito, mas concorda com a medida: “Acredito que apesar de ser pouco, ainda assim é algum controle sobre quem entra e sai dessa Faculdade. Dá para perceber que o evento podia se repetir a qualquer momento, porque praticamente nenhuma medida foi tomada”, alega.

Um dos argumentos utilizados pela diretoria da Faculdade é o de que há muitos furtos dentro do prédio. Um funcionário da área de segurança que não quis se identificar é taxativo “Eu posso te dizer: não tem roubo na FEA” e explica: “A pessoa esquece as coisas para ir em algum lugar e depois perde. Aí fala que foi roubado”.

Marcella Fernanda Bernardes Duarte, estudante de Atuária, concorda: “Eu acabei de entrar mas nunca fui furtada. Obviamente, você tem que ter cuidado com as suas coisas. Eu acho que pode ter algum furto mas não dentro [do prédio da FEA]. Dentro eu acho bem difícil porque sempre tem gente circulando”.