Novas reservas ambientais da USP serão mapeadas a partir de julho

A partir do mês de julho, os mais de 11 milhões de metros quadrados de áreas verdes recém-declaradas como reservas ecológicas nos 8 campi da USP serão mapeadas e documentadas para, finalmente, terem seu plano de manejo definido. Esse planejamento será voltado especificamente para cada região e ficará a cargo de um Conselho Gestor Multidisciplinar, que será formado assim que a documentação técnica for concluída. O prazo é até dezembro deste ano. “O reitor vai fazer uma portaria específica nomeando o Conselho Gestor, que terá um regimento próprio”, informa Welington Braz Carvalho Delitti, superintendente de Gestão Ambiental da Universidade – divisão criada em fevereiro deste ano pelo Conselho Universitário com a finalidade de planejar, implementar, manter e promover a sustentabilidade nos campida USP.

De acordo com Delitti, cada uma das 23 regiões admitidas como objeto de preservação permanente – que correspondem a dois hectares na Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, 800 no campus de Pirassununga, 35 em São Carlos, 6 em Lorena, 98 em Ribeirão Preto e 22 no campus de Piracicaba – terá um plano de manejo específico. “Em alguma delas a meta poderá ser colocar uma cerca, em outras, enriquecer com espécies que foram extintas, ou recuperar o solo que já está muito degradado… Serão várias ações”, ele afirma. Entre as áreas que se encontram menos preservadas e que deverão ter um plano de restauração do solo, está a floresta de Ribeirão Preto, cujos 30 de seus 75 hectares foram atingidos por um incêndio em agosto do ano passado.

Preservação, pesquisa e qualidade de vida

As novas áreas preservadas se somam aos já existentes 153 hectares do Campus de Piracicaba e os 10,5 do campus do Butantã. Tanto as reservas já existentes como as que serão criadas tem o propósito, além da preservação e reconstituição de ecossistemas originais, de servir de campo para pesquisas e projetos de pesquisa, extensão e ensino.

“[As reservas] funcionam como um laboratório natural.” diz o professor Carlos Vilela do Departamento de Genética e diretor da comissão da Reserva Florestal do Instituto de Biociências. “É só olhar a quantidade de teses que foram feitas, de trabalhos de iniciação, de artigos sobre a reserva. É uma facilidade, e a universidade tem esse privilégio. Poucos campi tem uma reserva dentro do próprio campus”.

As novas reservas ainda estão em fase precoce para a previsão de projetos concretos. Até 2011, segundo levantamento feito pela comissão, foram publicados mais de 120 projetos realizados na Reserva Florestal, que incluem dissertações de mestrado, teses de doutorado, iniciações científicas, artigos e congressos. O levantamento ainda deve ser atualizado até agosto com as pesquisas mais recentes, e tem o propósito de demonstrar a importância da reserva, que é um dos poucos remanescentes da vegetação nativa, agora quase completamente desaparecida.

“A criação de novas reservas é importante porque daqui a pouco não sobrou mais nada. Vai-se acabando com as espécies de fauna e de flora, sem, às vezes, conhecê-las e ver a importância de cada uma para o planeta”, conta o professor Vilela. “Eu acredito que seja de interesse público, como desapropriar uma área para fazer um metrô ou uma estação. Mas se é da própria universidade, não tem processo de desapropriação, é apenas uma regulamentação do espaço, reservando-o simplesmente para pesquisa e ensino. Não se permite que seja usado com outras finalidades, como fazer estacionamento, prédios e assim por diante. Isso é feito pensando também na qualidade de vida, não só no ensino”.


Restauração de ecossistema

Preparando o terreno para essa nova fase de recuperação e preservação ambiental, a Universidade de São Paulo, em parceria com a Universidade de Barcelona, realizará, de 28 de junho a 5 de julho, o workshop binacional Restauração em ecossistemas savânicos e florestais: Princípios e práticas. O evento itinerante terá atividades teóricas e práticas (conferências, trabalho de campo, elaboração de mapa) nos campi de São Paulo, Pirassunun­ga e Ribeirão Preto. “Serão 20 vagas para a formação de especialistas em restauração de ecossistema. Abordaremos todos os aspectos correlatos para formar pessoas capacitadas a realizar essa tarefa, que podem ser tanto profissionais da área, como pós-graduandos ou acadêmicos”, Delitti diz.

Além da USP e da Universidade de Barcelona, o workshop terá a participação do Instituto Florestal de São Paulo e da Unicamp – Universidade Estadual de Campinas. Informações:www.ib.usp.br