USP estuda criação de 3º curso de medicina

Universidade já possui cursos de medicina na capital e em Ribeirão Preto e estuda criação de graduação em Bauru; Unesp também deve apresentar proposta

A atual gestão da reitoria constituiu uma comissão para avaliar a viabilidade aca­dêmica e administrativa de um curso de medicina no campus de Bauru, de acordo com o superinten­dente de saúde da USP, professor Marcos Boulos. A construção de um novo prédio do Hospital de Reabilitação de Anoma­lias Craniofaciais da USP, conhecido como Centri­nho, prevê a ampliação dos cursos de residência que já são oferecidos no hospital, o que poderia ser o primeiro passo para a implantação de uma faculdade de medicina.

O campus da USP na ci­dade integra o Centrinho e a Faculdade de Odon­tologia de Bauru (FOB), que atualmente oferece os cursos de graduação e pós em odontologia e em fo­noaudiologia. José Carlos Pereira, diretor da FOB, afirma que não foi apre­sentado ainda um projeto pedagógico para um curso de medicina, mas que o assunto está em pauta. “É necessário, em primeiro lugar, estabelecer as estra­tégias de gestão do novo hospital, constituir seu quadro clínico e definir suas atividades. A partir daí, será possível montar um programa de residên­cia médica nas diferentes especialidades e consti­tuir massa crítica para compor uma faculdade de medicina”, explica. O diretor afirma ainda que ele e os outros gestores do campus (o superin­tendente do Centrinho e o prefeito do campus) foram informados pela reitoria de que um comitê deverá ser constituído por gestores da Faculdade de Medicina da USP de São Paulo, da Secretaria de Saúde do Estado e da fundação de apoio ao hospital para discutir essa possibilidade.

O professor Marcos Boulos confirma que a comissão constituída pela reitoria, da qual ele é pre­sidente, não elaborou ainda uma conclusão so­bre a viabilidade do curso, pois uma nova faculdade de medicina exigiria um grande investimento por parte da Universidade. “Não existe ainda nenhu­ma proposta formal. Por outro lado, nós sabemos que a Unesp também tem interesse em criar uma faculdade de medicina em Bauru, então obviamente essas duas possibilidades serão mutuamente exclu­dentes: se houver um cur­so de medicina da Unesp na cidade, não haverá um da USP e vice-versa”, acrescenta o superinten­dente de saúde.

A Assessoria de Comu­nicação e Imprensa da rei­toria da Unesp declarou em uma nota que uma comissão foi criada em abril deste ano para fazer estudos sobre a criação de um curso de medicina na cidade. A comissão finali­zará seus relatórios ainda em 2012 e os apresentará às congregações da Fa­culdade de Medicina de Botucatu e da Faculdade de Ciências de Bauru. O projeto será então enca­minhado para apreciação dos órgãos colegiados da Unesp e do Conselho Universitário.

Boulos explica que já existem vagas de residên­cia médica no Centrinho, como em otorrinolarin­gologia, mas que há in­tenção de ampliação de vagas existentes e criação de novas especialidades, como em anestesia, tera­pia intensiva, oncologia e geriatria.

Em visita à cidade este ano, o superintendente de saúde da USP observou que há um grande apoio da população, manifesta­da pela imprensa local, à criação do curso. Boulos avalia, entretanto, que ainda existem muitos passos a serem seguidos para que essa proposta se concretize. “Qualquer decisão relacionada a essa questão deve passar pelo Conselho Universitário, não basta só o reitor que­rer”, explica.

O novo prédio do Centrinho permite a ampliação das vagas de residência, o que possibilitaria a formação de massa crítica para compor a faculdade (foto: Tiago Rodella)
O novo prédio do Centrinho permite a ampliação das vagas de residência, o que possibilitaria a formação de massa crítica para compor a faculdade (foto: Tiago Rodella)

Segundo o diretor da FOB, o novo prédio foi construído para atender à demanda crescente pe­los serviços já oferecidos pelo Centrinho, que é referência nacional em reabilitação de anomalias craniofaciais e de distúr­bios de comunicação. “O orçamento inicial para a construção do hospital foi autorizado pelo Fundo de Apoio ao Desenvolvimen­to Social via Caixa Econô­mica Federal e concluído com recursos adicionais da Secretaria da Saúde do Estado. Até o momento foram investidos cerca de 90 milhões de reais”, esclarece Pereira.

Apesar de nenhum pro­jeto pedagógico ter sido elaborado, o professor Marcos Boulos afirma que esta poderia ser uma oportunidade para testar novos modelos de ensino. “A medicina há muito tempo está desatualizada como curso de graduação. O curso médico ainda é um curso muito objetivo, quando nós sabemos que a medicina é uma ciência mais subjetiva do que ob­jetiva, pois é uma relação humana”, opina Boulos, que acredita que os pro­fessores devem mostrar aos alunos a importân­cia da relação médico­-paciente.

Segundo a assessoria de imprensa da reitoria, não há previsão de instalação de um curso de medicina em Bauru.