Ato no IQ homenageia Ana Rosa Kucinski e pede que se revogue injustiça do passado

Foi realizado, em agosto, um ato em homenagem a ex-professora do Instituto de Química e ex-militante política Ana Rosa Kucinski, presa, torturada e assassinada pelo estado brasileiro, durante o regime militar. Os participantes reivindicaram que a congregação do Instituto revogue a decisão de 1975, pela qual Ana Rosa foi desligada de seu cargo por abandono de função, por 13 votos favoráveis e dois em branco. A ação foi organizada pelo Fórum Aberto pela Democratização da USP e contou com a presença de cerca de 30 pessoas, entre parentes, amigos, professores e estudantes.

Ana Rosa Kucinski foi professora do Instituto de Química no início da década de 70, período em que também ingressou na ALN (Aliança Libertadora Nacional), grupo de resistência ao regime militar. Foi capturada no dia 22 de abril de 1974, junto com seu companheiro, o físico Wilson Silva e ambos nunca mais foram vistos. Em 1995, foi declarada vítima pelo estado brasileiro pela lei 9.140, a qual incluiu o nome de Ana Rosa na lista oficial das 136 pessoas que se encontravam desaparecidas “em razão de participação, ou acusação de participação, em atividades políticas, entre 02/09/61 a 15/08/79, e que por este motivo tenham sido detidas por agentes públicos”. Entretanto, a injustiça cometida pela USP ainda não foi reparada.

Durante a manifestação o espaço do IQ, anteriormente conhecido por “Queijinho” foi rebatizado de “Complexo Ana Rosa Kucinski”. Além disso, em carta aberta ao Instituto de Química, também foi pedido que se instale uma Comissão da Verdade da USP, órgão que tenha autonomia para investigar as violações aos direitos humanos cometidas pelo estado brasileiro na Universidade de São Paulo, palco privilegiado de ações repressivas na época da ditadura.