Programa traça perfil de judocas

Software desenvolvido na EEFE foi utilizado no treinamento para as olimpíadas

Na preparação para a última olimpíada, atletas do judô contaram com a ajuda de um software desenvolvido na USP. Bianca Miarka, doutoranda da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE), desenvolveu o FRAMI no seu mestrado em 2008 para facilitar as análises táticas em lutas do esporte. Com planilhas que traçavam o perfil de adversários em potencial, ela encaminhou tais informações para atletas como Leandro Guilheiro e Rafael Silva, dos quais seu orientador, o professor Emerson Franchini, é preparador físico.

Através de lutas gravadas, são coletadas informações sobre os movimentos e golpes aplicados e sua duração. Uma vez no software, os dados são convertidos em uma planilha com o comportamento do atleta, indicando que tipos de golpes são mais frequentes, em que momentos foram executados e a que movimentos estão relacionados. Desta forma, mapeia-se o perfil do atleta, permitindo um certo grau de previsibilidade nos seus movimentos. Segundo Emerson, um dos triunfos do programa seria o poder de sintetizar informações. Para ele, “analisar esse número de lutas e armazenar as informações somente na memória é humanamente impossível”.

FRAMI em ação: software converte golpes em planilha (foto: Sophia Neitzert)
FRAMI em ação: software converte golpes em planilha (foto: Sophia Neitzert)

Bianca desenvolveu o FRAMI durante seu mestrado, buscando automatizar e otimizar a análise de lutas para sua pesquisa, mas agora seu uso virou um dos pontos centrais co trabalho. Após aprimorar o sistema e validá-lo, ela finalizou a pesquisa aplicando-o na análise de atletas brasileiros a nível regional e estadual. No doutorado, iniciado em 2010, o foco passou a ser a análise dos melhores atletas do mundo, no caso, os 22 melhores no masculino e as 14 melhores no feminino.

Segundo o professor, esse tipo de preparo, por parte de outros atletas, teria sido um dos fatores que levaram à eliminação do favorito Leandro Guilheiro na disputa em Londres: “alguns oponentes fizeram analise muito boa e conseguiram bloquear bastante os golpes dele”. Os atletas brasileiros, porém, ainda não conseguem utilizar totalmente as informações das planilhas, uma vez que é difícil treinar e simular a técnica dos adversários internacionais.

Olimpíadas 2016

Ainda são poucos os atletas e profissionais da USP que participam de alguma forma das Olimpíadas. Buscando aumentar o envolvimento da universidade na competição, a Reitoria lançou, em 2010, o Programa A USP nos Jogos Olímpicos e Jogos Paraolímpicos 2016. A iniciativa contempla três áreas: análise e avaliações da saúde de atletas, educação continuada para atletas e treinadores e suporte para alunos que sejam atletas de alto rendimento, além de reformas nos Centros de Práticas Esportivas do campus da capital e campi do interior.

Bianca, campeã brasileira no remo em 2011, está entre os oito atletas que, desde maio, recebem o auxílio do programa. Para ela, o diferencial que este traz ao seu cotidiano é a infraestrutura e suporte com que passou a contar, recebendo auxílio e preparação de médicos e profissionais da USP.