Carta-resposta: iluminação do campus

Relativo à matéria “Nova iluminação do campus será pior que a atual” do nº 398

Em virtude de questionamentos levantados sobre a matéria “Nova iluminação do campus será pior que a atual” (nº 398, segunda quinzena de agosto de 2012), o Jornal do Campus atende ao pedido do Grupo de Energia do Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (GEPEA) e publica as informações de seu coordenador com relação aos dados que foram aqui veiculados.

Solicito que seja dado destaque às considerações que se seguem para que os fatos possam ser perfeitamente compreendidos pela comunidade uspiana e pelo público externo que tem acesso a este veículo de comunicação. Assim, segue:

1) Sou o único nominado na matéria, não fui procurado ou consultado para ratificar as informações apresentadas ou, até, detalhar aspectos relevantes da pesquisa. Encontro-me diariamente na Poli, com acesso por telefone ou e-mail e atendo alunos todos os dias.

2) O subtítulo “Para pesquisadores da IEE e da Escola Politécnica, tecnologia LED iluminará menos que lâmpadas atuais” não é opinião dos pesquisadores da Escola Politécnica da USP – GEPEA mencionados na matéria. Tal afirmação não encontra respaldo em nenhuma publicação ou declaração dos pesquisadores pertencentes ao nosso grupo de pesquisa.

3) O grupo de pesquisa ao qual pertenço está envolvido com pesquisas sobre a tecnologia LED (Light-emitting Diode) para iluminação pública, mas tal pesquisa não tem como objetivo a comparação de tecnologias “vapor de sódio” com a tecnologia LED. Os dados obtidos, no entanto, apontam justamente o contrário do que faz crer a matéria. A tecnologia LED permite prover o mesmo serviço energético (iluminação de ruas, avenidas e logradouros), com a mesma qualidade de tecnologia vapor de sódio, com menos consumo de energia.

4) O texto cita, e induz o leitor a entender, que a pesquisa constata que “luminárias de vapor de sódio operam com iluminância numericamente maior que o LED”. A frase induz a acreditar que a tecnologia LED produziria uma sensação de iluminação menor. O que não corresponde à verdade! Os resultados parciais da pesquisa foram divulgados em alguns encontros científicos. A apresentação feita no COBEE (Congresso Brasileiro de Eficiência Energética), no dia 12 de julho de 2012, deve ter sido utilizada como fonte para o estudo que pauta a matéria em questão. A afirmação reproduzida na matéria aparece na primeira lâmina como uma das características das lâmpadas de vapor de sódio. Porém, nas duas lâminas seguintes a informação é complementada.

5) A matéria cita: “O GEPEA alegou observar um franco desenvolvimento dessa tecnologia”. Ressalta, porém, que atualmente o nível de iluminância deste tipo de dispositivo sofre “uma queda acentuada nos primeiros seis meses”. Esta afirmação é atribuída ao GEPEA, mas, observando-se o material apresentado, a mesma mostra-se invertida. Na realidade, indica-se a “queda acentuada do nível de iluminamento nos seis primeiros meses” e, na sequência, “observa-se um franco desenvolvimento desta tecnologia”, fechando com “experiências internacionais apontam queda menor que 6% do fluxo luminoso após o primeiro ano de uso: sentido claramente oposto ao que a matéria visa a transmitir.

Finalizando, registro que considero estranho ser o único referenciado para dar sustentação ao estudo que pauta a matéria, mas que não cita seu autor. Reitero a necessidade que seja dado destaque aos esclarecimentos aqui colocados, contribuindo na prática para a boa formação de nossos estudantes de jornalismo através de um exemplo concreto e reafirmo minha convicção de que a tecnologia LED para iluminação pública ou interiores veio para ficar e auxiliar a sociedade a construir um caminho de busca da sustentabilidade.

Cordialmente,
Prof. Dr. Marco Antonio Saidel
Coordenador do GEPEA

Carta enviada pelo Prof. Dr. Marco Antonio Saidel ao Jornal do Campus. Fale com a redação.