Rádio e TV USP vão para Clube dos Funcionários

Emissoras se mudam para a Rua do Matão, mas ainda sofrem com problemas de estrutura. Diretor afirma que mudança melhora a qualidade dos serviços

Após cerca de um ano e meio de controvérsia e incerteza, a Rádio e a TV USP ganharam uma nova sede. No dia 1º de outubro, as duas emissoras se mudaram definitivamente para o nº 1578 da Rua do Matão, na Cidade Universitária, onde funcionava o Clube dos Funcionários da USP. Provocada pelas reformas no prédio da Antiga Reitoria, a transferência ainda não foi finalizada – a nova sede está em processo de adaptação e parte dos equipamentos permanece nas dependências antigas.

Apesar de já terem se estabelecido em sua nova sede, as emissoras sofrem com alguns problemas. De acordo com os funcionários da Rádio USP João e Maria (os nomes são fictícios pois os entrevistados preferiram preservar suas identidades), a redação não está ativa, os microfones utilizados são provisórios e parte do estúdio definitivo ainda não está montada. Além disso, muitos equipamentos estão encaixotados e o prédio onde as emissoras estão alocadas ainda está sendo reformado para atender às suas necessidades técnicas.

Funcionamento atual

O diretor da Rádio USP Celso Filho afirma que os funcionários não tiveram que se desdobrar para fazer o trabalho e que o deslocamento não afetou o funcionamento da emissora. “A rádio é dinâmica e foi sendo desmontada aos poucos. Tem muita coisa que está em montagem, mas uma rádio trabalha com tudo duplicado. A mudança não causou nenhum prejuízo, tanto que a rádio não ficou nenhum minuto fora do ar. Nossa equipe é muito coesa e competente”, ressalta. A TV USP, por sua vez, teve seu funcionamento prejudicado. Segundo os funcionários Gustavo Xavier e Eduardo Kishimoto, a produção teve que ser paralisada por “total falta de condições” e os estagiários estão tendo seu trabalho dificultado. “Assim que chegamos, notamos que ainda há salas sem tranca na porta. Então, tivemos que reunir vários computadores e outros materiais numa mesma sala que pudesse ser fechada com chave. Os espaços da nova sede estão cheios de coisas que não puderam ser instaladas corretamente”, explica Xavier.

Motivos da mudança

A necessidade da mudança surgiu no início de 2011, quando foi anunciado o projeto de revitalização da Cidade Universitária e, concomitantemente, de reforma do prédio da Antiga Reitoria. Segundo Adriana Cruz, assessora de imprensa da reitoria da USP, a decisão de reformar o edifício e retirar do local o que ali funcionava partiu única e exclusivamente da reitoria e da administração central. Construído na década de 1950, o prédio abrigava, além da Rádio e da TV USP, instituições dos mais variados tipos, como o Instituto de Estudos Avançados (IEA), o Conseil International du Bâtiment (CIB, do francês Conselho Internacional da Construção), parte da Superintendência de Comunicação Social (CCS), a Associação dos Docentes da USP (Adusp), a Editora USP (Edusp) e o Coral da USP. Cruz explica que o objetivo da reforma é “fazer com que a reitoria e a administração central voltem a funcionar no prédio onde, originalmente, a primeira reitoria funcionou”

Logo que tiveram início, as obras no prédio da Antiga Reitoria tornaram as condições de trabalho na TV precárias. Gustavo Xavier relata que a equipe tinha de trabalhar em meio a destroços e sujeira. “Houve um momento em que fizeram um furo sobre um boxe do banheiro feminino. De vez em quando, estávamos na sala de edição e começava a chover faíscas dos andares superiores. Caíram materiais que bateram no batente de nossa janela e houve momentos em que o som de britadeira atrapalhou a gravação no estúdio”, explica.

Originalmente sediada na área central do edifício, a TV USP se viu forçada a mudar e passou a ocupar parte do espaço em que funcionava a Rádio USP, no primeiro andar da área lateral. Segundo Eduardo Kishimoto, na medida em que a reforma se aproximou do local, a equipe voltou a sofrer com a propagação de poeira e serragem e com o intenso barulho. “Também acontecia de chegarmos para trabalhar e terem feito alterações no espaço, como a retirada de vidros de gravação e piso, deixando os equipamentos e as salas cobertos de poeira fina”, complementa Xavier.

O processo

A decisão para que a Rádio e a TV USP fossem transferidas para o antigo Clube dos Funcionários demorou a sair. O processo de mudança sofreu várias alterações e chegou-se a cogitar que as emissoras poderiam ser transferidas para a sede da TV Cultura – no bairro da Água Branca, em São Paulo. Adriana Cruz explica que a mudança de sede demorou “justamente para adaptação do novo espaço às necessidades da Rádio e da TV. Era uma utilização muito diferente do que está sendo agora, então o prédio precisava ser adaptado para receber os dois setores da melhor forma”. Perguntada sobre os contratempos enfrentados pelos funcionários das emissoras, Adriana respondeu que eles não pertencem à alçada da reitoria, e sim da diretoria da Rádio e da TV USP. Quando as novas instalações estiverem prontas, Rádio e TV funcionarão de forma separada, com redações e estúdios independentes. Os funcionários Gustavo Xavier e Eduardo Kishimoto acreditam e esperam que a mudança seja benéfica para as emissoras, mas ressalvam que em nenhum momento as equipes foram consultadas pela reitoria para ajudar a projetar a sede definitiva na Rua do Matão. Na opinião de Celso Filho, a Rádio “sai fortalecida e vencedora. As novas instalações são muito superiores ao que tínhamos, inclusive o local. A Rádio lá [na Antiga Reitoria] não tinha para onde crescer. Todos sabiam que isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde. Eu realmente acredito que foi uma conquista. Falo francamente, estou aliviado de ter saído”.

As novas instalações da Rádio e da TV USP, no antigo Clube dos Funcionários, ainda não estão prontas. Foto: Gustavo Pessutti