Copa Coca-Cola ocupa os campos do CEPE

Pouco antes do BIFE, campeonato entre faculdades da USP, times foram impedidos de treinar por conta da competição

Durante um final de semana inteiro, os jogos da Copa Coca-Cola de futebol colegial tomaram conta dos campos do CEPEUSP. As equipes de futebol de algumas faculdades da USP, por outro lado, não puderam utilizar as mesmas instalações em virtude do aluguel do espaço por parte da competição. Realizado nos dias 3 e 4 de novembro, logo após o feriado de Finados, o evento impediu treinamentos e jogos de atletas da USP a menos de duas semanas do BIFE.

Arquibancadas foram pintadas de vermelho para remeter à empresa. (foto: Gustavo Pessuti)

As equipes de futebol que costumeiramente treinam aos sábados no CEPE são as da Escola de Comunicações e Artes (ECA), da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e do Instituo de Matemática, Estatística e Computação (IME), além de outras unidades que o fazem de forma eventual e de alguns times de rugby da USP. Ademais, os campos também são bastante utilizados em jogos de competições universitárias.

Na data reservada para a Copa Coca-Cola, o CEPE recebeu mais de 820 atletas de 17 estados e 29 cidades diferentes. As 32 equipes masculinas e 16 femininas vieram a São Paulo disputar a etapa preliminar nacional. Foram 36 jogos no total, sendo 24 no sábado e 12 no domingo.

A competição utilizou os campos 1, 2, 3 e 4, mas o 5 (conhecido como “pântano” pela precariedade do gramado) permaneceu vazio. Mesmo com um dos campos não sendo usado, as reservas para as equipes de futebol da USP para sábado e domingo foram negadas sem que os times fossem previamente avisados. Além disso, as muretas do estádio foram pintadas de vermelho – e assim continuam até hoje – para remeter à empresa patrocinadora.

Marina Barbiere, Diretora de Futebol da AAAMAT, do IME, afirma que “há muitos atletas que só conseguem treinar de sábado, já que trabalham durante o dia e têm aula à noite. Acho interessante o CEPE disponibilizar os campos para a Copa Coca-Cola, mas é uma coisa que acaba interferindo no treinamento. Talvez se fosse só no domingo seria melhor, porque não haveria prejuízo aos treinos, só aos jogos. Mesmo o campo 5 não seria suficiente para atender às demandas de todas as equipes interessadas.”

As regras do CEPE determinam que o ofício de requisição dos campos seja mandado até o dia 15 do mês anterior ao uso, mas o pagamento é usualmente efetuado na semana do treinamento ou do jogo. Segundo o diretor do CEPE, Carlos Bezerra de Albuquerque, uma consulta de reserva para o final de semana em questão por parte da atlética da ECA, por exemplo, foi feita depois do período correto de solicitação, no dia 22 de outubro, o que justificaria resposta negativa. Tanto a organização da competição como a diretoria do CEPE afirmam que a escolha do final de semana foi decorrência do feriado do dia 2 de novembro, que provocaria uma diminuição do movimento de atletas.

Christian Faccio, técnico das equipes de futebol da ECA e do Instituto de Biociências (IB) explica que “em casos de times que só têm um treino por semana, por exemplo, atrapalha demais. Os times já perdem treinos quando tem chuva ou jogo no mesmo dia e, quando os campos estavam em perfeitas condições, com sol, não foram liberados para as atléticas e a LAAUSP. E as equipes ainda têm poucas oportunidades de reposição de campo fora da USP por causa de falta de dinheiro”.

Após as tramitações formais de praxe entre a Benza (empresa que organiza a Copa Coca-Cola) e o CEPEUSP, o contrato de aluguel dos campos foi assinado em 21 de setembro deste ano, mediante pagamento de R$ 35 mil. Perguntado sobre o destino que será dado ao dinheiro do aluguel, Carlos Bezerra respondeu que o valor foidepositado na tesouraria do CEPE, na conta denominada ‘Receita Industrial’.

“É a mesma que recebe, como exemplo, as taxas de inscrição, exames médicos, etc. São todos os valores não oriundos da receita da universidade e que tem um importante papel na manutenção do CEPEUSP. Com este evento, uma boa economia de dinheiro público ocorreu”, afirma Carlos Bezerra.

Christian Faccio ainda questiona: “Se não abriu por causa do feriado para os times, por que abriu para competição externa? Não há um critério muito bem estabelecido para saber quando o campo será liberado ou não, especialmente em dias de chuva. E quando tem eventos como a Copa Danone e Copa Coca-Cola, não é qualquer chuvinha que cancela os jogos não”.

Carlos Bezerra de Albuquerque vê o prejuízo aos times de forma diferente e afirma que o problema foi decorrência de “equívoco no planejamento destas equipes, infelizmente”.