Estrutura esportiva no Brasil é precária

Em evento sobre turismo esportivo, profissionais da área ressaltaram a disparidade entre o país e o exterior

Palestrantes da 16ª edição de “Veredas”, evento de turismo esportivo da ECA Jr., foram unânimes ao afirmar que o Brasil está muito atrás de países desenvolvidos na questão da estrutura esportiva. Eles ressaltam, porém, que o investimento nesse setor pode render melhoras na área. O evento ocorreu no dia 23 de outubro, realizado pela empresa ECA Jr., e contou com a participação de três profissionais da área do esporte para falar sobre turismo esportivo.

Palestrantes concordam sobre falta de estrutura para eventos esportivos no Brasil. (Foto: divulgação ECA Jr.)

 

Raphael Santana, diretor de marketing da operadora de viagens Fanato, especializada em eventos esportivos, diz evitar trabalhar com eventos no Brasil pela desorganização e falta de apelo. “São marcados com pouca antecedência, o transporte é sempre difícil e não há atrações relacionadas ao evento, coisas que agregam valor”, aponta. “Lá fora, eles sabem como ganhar dinheiro”.

Na mesma linha, Gabriel Cenamo, coordenador do Bandeirantes Rugby Clube e preparador físico da seleção nacional de Rugby m18 (menores de 18 anos), conta que o esporte com que trabalha, que já é um dos mais assistidos no mundo, no Brasil ainda é pouco expressivo. Embora esteja crescendo, não vão muito mais de dois mil torcedores a um evento de rugby. A falta de estrutura não chama o público e a falta de público não é atrativo às empresas de turismo. “São impressionantes os eventos e a organização que têm lá fora”, compara Cenamo.

Para Karen Jonz, bicampeã mundial de skate vertical, a maioria dos skatistas procura morar fora do país, por haver muito mais estrutura para treinamento. Mesmo em grandes eventos como a mega-rampa, realizada no Brasil, não há estrutura confortável para o atleta.

Contudo, tanto na questão do skate quanto na do rugby, há previsão de desenvolvimento. O Brasil é pauta principal da IRB (International Rugby Board) para crescimento do esporte no país, por exemplo, e a profissionalização de skatistas também está trazendo melhoras. Ademais, nos últimos anos, estão sendo feitas parcerias com institutos que podem ajudar a modalidade. “É sempre bom ter gente de universidade envolvida, gente que sabe das coisas”, afirma Karen.

A skatista ainda acredita que o turismo pode ajudar a modalidade. “Não sei bem como, mas se trouxerem gente pra assistir, com certeza melhoram as coisas”, diz Karen. Em relação ao Rugby, Cenamo mostra que o Brasil deve visar uma diferente forma do esporte para chamar atenção de turistas: O Beach Rugby não é muito conhecido, mas a junção da modalidade com as praias brasileiras pode atrair estrangeiros.

Copa e Olimpíadas
Fanato não irá negociar internamente assuntos relacionados à Copa do Mundo. O diretor de marketing explica: “Aqui sempre tem muito ‘jeitinho’, muita burocracia. Não posso garantir ingressos aos clientes desse jeito. Não dá pra trabalhar do jeito sério. Por isso, faço tudo via empresas do exterior, que já têm parceria com as pessoas que comandam aqui”.

Ao contrário, Cenamo vê positivamente os grandes eventos esportivos que o Brasil irá receber. Como nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, o Rugby estará presente pela primeira vez, ele enxerga uma boa oportunidade de crescimento do esporte.

O preparador físico ainda ressalta que o turismo não precisa ser necessariamente voltado ao público. Atletas em geral têm interesse de participar de campeonatos fora de onde moram, e isso é mais forte no Rugby. As “Giras”, tradicionais viagens com o time, são frequentes entre os praticantes da modalidade. Além disso, o esporte necessita de intercâmbio de conhecimento com o exterior. “Sempre tive muito interesse em fazer cursos fora do país, mas nenhuma empresa proporciona isso, mesmo com o tamanho do Rugby hoje no mundo”, conta Cenamo.