Formada na ECA em 2008, a banda conseguiu recursos para gravar o primeiro disco por meio de um edital público
No rico e pouco divulgado cenário da música independente brasileira, bandas promissoras realizam projetos interessantes, ainda que precisando dar um jeito na falta de recursos . É o caso da banda Filarmônica de Pasárgada, formada no Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes em 2008, que lança o CD Força do Hábito no início do ano que vem, com data prevista para março. A gravação obteve recursos a partir de um edital público do Programa de Ação Cultural, da Secretaria de Estado da Cultura.
O disco novo possui quinze faixas recheadas de bom humor e irreverência, e pode ser conferido na íntegra no link (http://soundcloud.com/coaxodosapo/sets/o-habito-da-forca/s-7YrLi). Ainda possui o selo musical Coaxo do Sapo, produtora de Guilherme Arantes, responsável pelo álbum. Marcelo Segreto, integrante da banda, acredita que a Filarmônica se inspira em Tom Zé e Luiz Tatit no modo de fazer cancões. ”Eles brincam com a forma do show, de maneira metalinguística e bem-humorada e isso desperta muito a atenção do público. Gostamos muito dessas coisas: mexer com a forma e tentar ser comunicativo. Tudo pra fazer com que o público não durma no show”, afirma. Musicalmente, Marcelo ainda aponta que os Los Hermanos, Radiohead e o funk carioca são influências para o conjunto.
Marcelo, de quem o CD também é Trabalho de Conclusão de Curso, acredita que ser uma banda independente no cenário musical hoje tem seus aspectos positivos e negativos. A maior dificuldade, na opinião do músico é ter que resolver processos não artísticos da produção musical, como divulgar os shows, escrever projetos para editais, administrar a produção dos shows, cuidar de site, facebook, entre outros. “Acho que o nosso segundo disco estaria pronto se não precisássemos cuidar dessa produção executiva”, afirma. Entretanto, não possuir um contrato com uma grande gravadora faz o trabalho ser 100% da própria banda, das decisões de gravação até o encarte do CD, este feito pelo artista plástico Guto Lacaz.
Outra dificuldade apontada pelo músico é a formação de público. “Se você tem público tudo acontece. Pois é preciso entender a música popular (qualquer arte, na verdade) como um sistema. Sem público a obra não existe, pois não há sistema”. Para tentar solucionar essa dificuldade, a banda se apresenta gratuitamente, em locais que haja público para assistir, como faz desde o ano passado, no bandejão central da USP, pelo menos uma vez por mês. “O problema é quando tem strogonof e batata sauté no Bandejão… se for peixe o público está garantido”, brinca Marcelo.
Todos os artistas da banda trabalham apenas com música ou arte, mas precisam também trabalhar em outros projetos paralelos. Marcelo brinca que a “Pasárgada ainda não conseguiu superar a crise econômica que atinge seus habitantes”. A Filarmônica de Pasárgada, assim como toda banda independente, se utiliza da internet para a divulgação própria. Marcelo conta que por causa do lançamento do videoclipe “O seu tipo” (http://www.youtube.com/watch?v=Fy6tIMRyuhg) (dirigido por Thiago Ricarte e gravado na Praça do Relógio) no Youtube “muitas pessoas foram aos últimos shows ou convidaram a gente para outros projetos”. E conclui: “Achamos que internet é fundamental para a banda”.
No mês de dezembro a banda se apresenta no dia 12, no Auditório do Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (Avenida Lineu Prestes, 2242), na Cidade Universitária, com entrada gratuita, às 14h.
