São Remo faz passeata na USP

Para denunciar os abusos cometidos pela Polícia Militar, principalmente pela Rota, durante e após a ocupação do dia 31 de outubro e as restrições à participação dos moradores no projeto de reurbanização que está sendo tocado pela Secretaria de Habitação em conjunto com a Reitoria, moradores do Jardim São Remo, alunos e funcionários da USP fizeram uma passeata na Cidade Universitária no dia 22.

Uma operação na manhã do dia 31 de outubro que contou com cerca de 60 policiais da Rota e 40 da Polícia Civil, em busca de dois suspeitos de terem assassinado um policial da Rota no dia 27 de setembro, conturbou a vida na São Remo. Muitos alegaram que tiveram suas casas invadidas sem mandato judicial, além disso, acusam os policias de terem agredido moradores, entre eles, uma funcionária do MAC. Desde então, viaturas e motos da ROCAM tem circulado frequentemente pela comunidade.

O ato contou com cerca de 300 pessoas e partiu às 15h30 do portão da São Remo, próximo à Prefeitura do Campus, em direção à Reitoria. Os manifestantes, liderados por um carro de som, fizeram discursos durante todo o ato. Um dos primeiros a falar foi Luiz Renato Martins, ou Luizito, professor de Artes Plásticas da ECA. Ele chamou atenção para a atual crise na segurança pública na cidade de São Paulo e disse que a USP está no meio desse conflito e deve tomar um lado: o dos trabalhadores.
Ao passar pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, a passeata fez uma pausa para pressionar o professor Marcelo Romero, que faz parte da comissão responsável pelo projeto de reurbanização da São Remo, e cobrar pela inclusão dos moradores no processo de decisão.
A existência do projeto foi divulgada em dezembro 2011 pelo USP Destaques nº 47, boletim editado pela assessoria de imprensa da Reitoria, onde constava a declaração de Silvio França Torres, secretário Estadual da Habitação, de que a situação das comunidades São Remo, Carmine Lourenço e Morro da USP “não é compatível com a importância que tem a Universidade de São Paulo, com tudo que ela significa para o Estado e para o país”. Segundo Helena Silvestre, militante do Movimento Luta Popular, do qual faz parte a Associação de Moradores da São Remo, “para eles [a Reitoria, a Prefeitura e o Governo de São Paulo] é inadmissível ter uma comunidade pobre do lado de um centro de estudos como a USP.”

Helena Silvestre, militante do movimento Luta Popular, durante o ato (foto: Vinicius Pereira
Ato realizado na USP protesta contra a ação da Polícia Militar na São Remo, comunidade vizinha ao Campus; manifestantes também se opõem ao projeto de reurbanização do local, que está sendo tocado pela Secretaria de Habitação e pela Reitoria (foto: Vinícius Pereira)