Escola de Aplicação promove mudanças em Estudo do Meio

Os alunos do ensino médio da Escola de Aplicação da USP fizeram uma paralisação, cujo principal motivo foi a suspensão do Estudo do Meio para o 3º ano do ensino médio e uma reformulação no do 1º ano do médio. A paralisação ocorreu em 5 de abril. Ao invés de entrar em aula, os alunos montaram uma pauta que foi discutida com a diretoria.

O projeto é uma metodologia de ensino que ocorre desde o ensino fundamental II e articula várias disciplinas. O trabalho envolve preparação para o campo, saídas ou viagens de estudo e atividades desenvolvidas com base na experiência.

Viagem de Estudo do Meio para o Petar, realizada no primeiro ano, sofreu alteração pela diretoria. (Foto: Ananda Ielo)

Por dois anos o Estudo do Meio para o 1º ano do ensino médio ocorreu no Petar (Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira), mas esse ano está planejado para ser na Cidade Universitária. “Trabalharemos com a aproximação a diferentes lugares do campus para entender o processo de pesquisa”, conta Livia Donnini Rodrigues, diretora da Escola de Aplicação. A mudança não agradou os alunos. “A gente já mora em São Paulo, é diferente de você vivenciar outro lugar, conhecer as pessoas de lá e até experimentar a comida típica”, relata a vice-presidente do grêmio e aluna do 3º colegial, Viviane Oliveira. O vice-diretor da Escola, Felipe Tarábola, explicou que o Estudo do Meio não envolve necessariamente uma viagem e que os lugares não são fixos. “Os locais dependem dos objetivos e o Petar não os atingia”, explica.

A turma de Viviane não terá Estudo do Meio esse ano, mas acontecerão outras atividades. O vice-diretor explicou que o Estudo demanda muita dedicação e que, por isso, acaba se sobrepondo a outros projetos. “Como acreditamos no Estudo do Meio como uma metodologia importante, mas não única, decidimos investir em outras iniciativas”, conta. Para esse ano estão previstas visitas a templos religiosos e discussões sobre a ditadura com ida ao Memorial da Resistência.

Tarábola explica que além das questões pedagógicas, há dificuldades administrativas, como a licitação de ônibus e a jornada de trabalho dos professores envolvidos.

Para os alunos, os argumentos não são suficientes. “A gente aprendia muito no Estudo do Meio, era mais fácil de entender as matérias”, conta Viviane. Os alunos do 2º ano terão Estudo do Meio para Minas Gerais, mas já estão envolvidos nas discussões: “Se não nos mobilizarmos, ano que vem não teremos e nem as turmas seguintes”, explica João Pedro Daher. Para o professor de Sociologia, Roberto Vicente, a mobilização dos alunos é muito importante. “Achei fantástico eles se organizarem para reivindicar o que acreditam que é justo”, relata.

Discutiu-se também a representatividade dos alunos, que tem direito a três cadeiras no Conselho de Escola. Em 2012 só uma foi ocupada, pois não houve candidato. Segundo Viviane, esse foi um problema de falta de comunicação com a direção. Os estudantes achavam que era apenas um representante.