FUPE motiva insatisfação no G20

A FUPE (Federação Universitária Paulista de Esportes) divulgou, no final de fevereiro, nova Portaria em que estabelece regras para o reconhecimento de competições universitárias. Dentre as novas normas, existem algumas polêmicas, como a cobrança de valores considerados abusivos das taxas de participação, chegando a R$ 1.750 para torneios de temporada, e a proibição às atléticas filiadas de participarem de competições paralelas, ou seja, que não tenham a chancela da Federação. Essa obrigatoriedade não se aplica às competições internas, ocorridas entre faculdades de uma mesma instituição de ensino, como por exemplo, a Copa USP.

Carlos Bortole, diretor de Comunicação da FUPE, afirma que a entidade está atendendo a uma demanda da CBDU (Confederação Brasileira de Desporto Universitário), e atenta para a importância de regulamentar o esporte universitário estadual: “A FUPE não pode fechar os olhos diante da proliferação de eventos ditos ‘universitários’ no estado de São Paulo, muitos dos quais verdadeiros caça-níqueis, e que colocam inclusive a integridade física dos participantes em risco. Como exemplo da importância dessa normatização, cito a obrigatoriedade de ambulâncias em competições esportivas. A grande maioria dos torneios realizados não dispõem de socorro médico no local.”

De acordo com Bortole, a nova gestão da FUPE tinha a proposta de gerar mais diálogo e proximidade com as atléticas, através do atendimento de importantes demandas das mesmas, como a divisão do campeonato em séries, visando maior equilíbrio técnico entre as equipes, e a diminuição e o parcelamento das taxas de filiação e inscrição.

Apesar dessas tentativas, o G20, grupo das 20 maiores atléticas de São Paulo, divulgou nota de repúdio à forma como os artigos da Portaria foram propostos pela instituição. Para Cristiane Mouro, presidente da atlética Rui Barbosa, da Escola de Educação Física e Esportes (EEFE) da USP e membro do G20, as atléticas ficaram insatisfeitas porque faltou justamente diálogo nessa relação: “Se as deliberações estivessem apenas relacionadas à regulamentação do esporte universitário, ela [a Portaria] não teria sido divulgada após o encerramento das inscrições em diversos campeonatos e teria um período de adaptação e, principalmente, apoio para que outros campeonatos se adequassem. Não adianta exigir algumas coisas que deixam os campeonatos muito mais caros, sendo que muitas equipes não teriam condições de arcar com esses aumentos. Queremos ações que mostrem que eles realmente querem regulamentar e melhorar o esporte universitário e não imposições que não representem a maioria das Atléticas paulistas.”

Victor Torcioni Nunes, presidente da atlética da Escola Politécnica da USP acredita que a escolha do momento de divulgação dessas novas regras foi infeliz: “A forma com que a nova regulamentação foi deliberada deixou todos em uma situação muito difícil, pois após o período de inscrição dos campeonatos, as Atléticas tiveram que decidir de quais campeonatos deixariam de participar.” No caso da atlética da Poli, a escolha foi por se desligar da Federação.
De acordo o diretor de Comunicação da FUPE, 5 atléticas se desligaram após o anúncio da nova Portaria. Em contrapartida, eles tiveram a adesão de 12 novas atléticas. Para Cristiane, essa obrigatoriedade de posicionamento das atléticas pode acabar gerando uma divisão entre essas entidades, minando, assim, os planos da FUPE de tentar construir um esporte universitário forte e unificado no estado de São Paulo: “A Atlética da EEFE não é filiada a FUPE há alguns anos. Pretendíamos regularizar nossa situação, mas, após a Portaria, nossa postura mudou e não iremos procurar a FUPE para tal. Com certeza ocorrerá uma divisão entra as Atléticas paulistas, basta olhar para as participantes de um campeonato e de outro”, referindo-se à Liga Paulista, agora chancelada pela FUPE, e o Novo Desporte Universitário (NDU), principal dissidente da federação.

Carlos Bortole explica que as atléticas que quiseram se desligar da federação tiveram as taxas de inscrição devolvidas, e aquelas que desejarem regularizar sua situação perante a FUPE e a CBDU terão total apoio da entidade. Porém, a resolução é definitiva: “Existe uma Portaria embasada em demandas legítimas. A FUPE respeita o contraditório, mas não temos compromisso com o erro”.