Sobre a autonomia universitária

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FORMAÇÃO DE QUADRILHA

Muito boa a matéria de Talita Nascimento. Formação de quadrilha, posse de explosivos, danos ao patrimônio público, desobediência judicial e crime ambiental por pichação. Estas acusações foram formuladas pela promotora do Ministério Público Estadual, Eliana Passarelli, aparentemente por iniciativa própria. Considerando estes 72 alunos que ocuparam a reitoria da USP como “bandidos e criminosos”, suas acusações poderiam levar estes estudantes a cumprirem penas de até 6 anos de prisão. A própria USP decidiu, pelas Comissões criadas para avaliar a situação, penas que vão de uma advertência por escrito, cinco dias de suspensão até, no máximo, 15 dias de suspensão para os casos mais graves.

Vários aspectos merecem destaque neste caso e poderiam ser mais aprofundados. A ação da reitoria, que pediu judicialmente a reintegração de posse, demonstrando sua incapacidade de negociar democraticamente e tratar as questões do campus com autonomia. A ação da Polícia Militar, que nunca deveria ter estado lá e invadiu a reitoria cumprindo decisão judicial de reintegração de posse, retirando daí os 72 estudantes que a ocuparam. A intervenção
extemporânea de uma promotora do MPE que não poderia nunca agir como agiu sem que suas atitudes fossem debatidas e criticadas publicamente e dela fosse cobrada a retirada das acusações.

ENSINO A DISTANCIA

É outro ponto forte desta edição. Acesso aberto e gratuito a cursos
de qualidade é uma iniciativa de democratização do conhecimento que ocorre também em outros países. Poderia ter havido alguma comparação com outras excelentes universidades estrangeiras que também oferecem cursos à distancia.

QUANDO ACABA O RESPEITO

A foto de capa é ótima, expressa todo o machismo deste trote,
chama o leitor. Os depoimentos das estudantes mostram todo o conservadorismo presente nestes “ritos de iniciação” na Universidade. O campus ainda é domínio masculino. As mulheres
ainda precisam lutar muito, e ganhar o apoio da sociedade, para serem respeitadas.