USP nega participação em mudanças da SPTrans

Problemas decorrentes das alterações nas linhas de ônibus comuns poderão ser amenizados através de medidas como aumento da frota de circulares
Alterações causaram sobrecarga nos circulares

Os estudantes e funcionários que utilizam o transporte coletivo da USP continuam reclamando dos longos intervalos de espera, superlotação e desconforto.  Conforme noticiado na edição 405 do Jornal do Campus, os problemas já duram mais de quatro meses e após o acumulo de cobranças por posicionamentos e pressão do Diretório Central dos Estudantes (DCE), os primeiros sinais de melhorias ocorreram em uma reunião entre SPTrans, USP e DCE, no dia 27 de março.

As mudanças trouxeram uma série de problemas para os usuários do transporte público. Usuários entrevistados pelo JC reclamam das alterações feitas sem aviso prévio ou explicações posteriores por parte da SPTrans e da USP e explicam que agora precisam utilizar linhas que os deixam longe de suas residências. A migração de passageiros resultou na superlotação das linhas restantes e maior tempo de parada nos pontos, tornando o embarque impossível nos horários de pico. “Os ônibus chegam já lotados no ponto da FFLCH. O motorista tem que ficar muito tempo parado. Estão bem estressantes as voltas para casa.”, afirma Juliana Gomes Gregolim, estudante da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH).

A assessoria da SPTrans contesta a afirmação dos usuários alegando que todas as mudanças foram informadas por meio do “Jornal do Ônibus” e que as alterações nas linhas 177P (Metrô Santana) e 107T (Tucuruvi) visam eliminar sobreposições dos itinerários. Sobre a linha 7725(Rio Pequeno – Vila Madalena), a empresa diz que a alteração no itinerário foi para “atender solicitação da USP e criar ligação entre o Campus e a Avenida Jaguaré”, informação que foi confirmada pela universidade.

“O usuário que, por exemplo, antes utilizava um ônibus até Pinheiros, agora pode usar as linhas circulares até a Estação Butantã e fazer baldeação, sem custo adicional, com o Metrô”, afirma Edmur Hiroshi , assessor de imprensa da SPTRans. No entanto, o aumento de fluxo nessas linhas não foi acompanhado pela adição de veículos, o que gerou a sobrecarga. “É evidente a falta de circulares nos horários de pico, bastar ver o embarque em qualquer ponto da universidade”, critica Mateus Alves de Pinho, estudante Faculdade de Administração, Economia e Contabilidade da USP (FEA), que antes das mudanças utilizava o 177P e agora faz baldeação no Metrô utilizando os circulares.

A USP  se posiciona de modo neutro em relação às modificações nas linhas comuns da SPTrans. Segundo o Departamento de Relações Institucionais, essas linhas são assunto pertinente às áreas de planejamento e operação da própria empresa. Eventuais modificações são de decisão própria dela sem a participação da USP e acrescenta que “as informações relativas às alterações de linhas de ônibus chegam à USP como chegam aos demais cidadãos do município de São Paulo, não havendo comunicado prévio”. A USP só participa de alterações nas linhas circulares.

Embora, no passado, a Universidade tenha interferido na linha 7725, solicitando alteração do itinerário, afirma que “nas linhas comuns, eventuais medidas e melhorias são de responsabilidade da SPTrans”. Sobre as reclamações recebidas pela Ouvidoria, segundo o Departamento, ainda que não seja competência da USP, todas as informações relativas a conveniências ou desconfortos com os ônibus da SPTrans têm sido comunicadas à empresa com o objetivo de colaborar para uma adequada prestação de serviço.”

Melhorias a curto e longo prazo

No dia 27 de março, a Prefeitura do Campus Butantã e a SPTrans se reuniram para discutir a situação dos transportes coletivos na USP e aceitaram a participação dos integrantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) no encontro. A entrada de jornalistas e representantes de outras entidades foi vetada. Porém, Adrian Fuentes, Letícia Alcântara e Thales Capri, representantes do DCE, comentaram a pauta da reunião após o término da mesma.

Segundo os estudantes, a pauta abordou exclusivamente melhorias nos circulares da USP. Com exceção da linha Rio Pequena-Vila Madalena, as demais modificações nas linhas comuns serão mantidas. De acordo com Thales, a linha Rio Pequena-Vila Madalena voltará a realizar seu antigo trajeto dentro da USP, mas continuará a atender a Avenida Jaguaré. Ele afirma também que de acordo com a SPTrans a alteração será imediata.

SPTrans e USP admitem a superlotação nas linhas circulares. Segundo a SPTrans, as linhas circulares são hoje as que mais transportam passageiros na cidade de São Paulo. “Os circulares da USP transportam entre 1400 a 1700 pvd (pessoas/veículos/dia), enquanto uma linha rentável transporta entre 800 e 900 pvd”, afirma Adrian.

A empresa também admite quebra de contrato por parte da Viação Gato Preto, empresa responsável pelos veículos das linhas circulares do Campus. “A SPTrans e a Viação Gato Preto estiveram em reunião no dia 26 de março e foi constatado irregularidades como pequeno número de veículos e horários não cumpridos”, informa Adrian. A SPTrans alega que as irregularidades são devido à dificuldade de fiscalização das linhas nos horários de pico, entre 22h e 23h.

Algumas soluções em relação à lotação dos circulares foram discutidas durante o encontro. “Os ônibus já saem abarrotados dos terminais e, portanto, fica impossível que os demais passageiros entrem. Uma das soluções propostas para isso é soltar um veículo vazio no terminal para melhorar o escoamento”, comenta Letícia.

Dentre as propostas de longo prazo apresentadas no encontro estão: aumento da frota das linhas circulares, ampliação do terminal do Campus, ampliação de pontos de embarque ao longo do Campus, aumento da fiscalização, estudos em parceria com a USP e reuniões periódicas com a presença do DCE para auxiliar nos ajustes à demanda.

De imediato, a SPTrans pretende realocar a frota de modo a melhorar o escoamento nos horários de pico. A Prefeitura do Campus se comprometeu a utilizar os antigos circulares (circulares internos) nos horários de pico e Sidinei Martini,  prefeito do campus, prometeu solicitar a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) uma faixa exclusiva de ônibus na Rua Alvarenga para permitir a interligação da USP e do corredor na Vital sem tráfego congestionado.