scbava@diplomatique.org.br
Muito boa esta edição do Jornal do Campus. Merece um elogio. Especialmente pelas matérias sobre a maioridade penal e a Casa da Cultura Negra. Digo isso porque elas tratam de temas de crescente importância – as discriminações, a violência simbólica e física, a criminalização e punição de menores infratores – com uma abordagem plural, tomando depoimentos, mas com uma perspectiva comum orientada para a defesa de direitos.
Já o artigo sobre o professor universitário e a pós-graduação tem o mérito de tratar da questão da exigência ou não de mestrado e doutorado para lecionar na universidade com uma abordagem que vai além das exigências burocráticas da carreira acadêmica. Ele trata das capacidades requeridas para a produção de conhecimentos, das capacidades para o exercício da atividade docente, e para isto os depoimentos colhidos na sociedade são muito importantes. Mas aí fica a pergunta: se a questão não é burocrática, por que não abrir o processo seletivo das universidades para todos os candidatos com uma formação mínima de graduação? Os mais bem formados serão os de melhor desempenho, tenham eles mestrado, doutorado ou não.
Continua em destaque o autoritarismo dos dirigentes da USP, denunciado na questão do uso das sindicâncias como forma de intimidação e criminalização de funcionários e professores na EACH. A luta por institucionalizar a Comissão da Verdade da USP como uma iniciativa oficial da Universidade de São Paulo, bandeira do Fórum Aberto pela democratização da USP, é também uma manifestação do desejo de uma universidade mais democrática, que está presente em vários outros artigos.
Uma oportunidade que surge a partir da agenda anunciada no jornal do próximo Congresso Nacional da UNE, no qual os estudantes da USP estão envolvidos, é tratar nas próximas edições do jornal, por exemplo, da situação e o papel que têm hoje e devem ter no futuro as universidades brasileiras.
Um reparo: o título “USP de São Carlos discute seu futuro aos 60 anos” não corresponde ao conteúdo da matéria, que trata das comemorações dos 60 anos e das discussões e reivindicações dos estudantes apresentadas à diretoria da EESC sobre questões de infraestrutura.