Casa da Xilogravura sela acordo com USP

Ilustração: Marcelo Marchetti.
Ilustração: Marcelo Marchetti.
A exposição Uma Casa Para A Xilogravura, com curadoria de Antonio Fernando Costella e Leda Campestrin Costella, foi aberta no dia 9 de maio, no Centro de Preservação Cultural (CPC) da USP. A mostra celebra o acordo firmado entre o casal, que fundou a Casa em 1987, com a Universidade, que receberá como herança do par o prédio do museu, em Campos de Jordão, e todo o seu acervo.

O processo de integração começou em 2002, a pedido de Costella. Com relação estreita com o ambiente universitário (Costella foi professor da Escola de Comunicação e Artes nos anos 1980), o professor declara que conhecer a universidade o ajudou a tomar sua decisão. “A USP já tem uma série de museus, e tem competência e seriedade para administrar a coleção”, explica.

Para a pró-reitora de Cultura e Extensão, Maria Arminda do Nascimento Arruda, tanto a vinda do museu quanto a abertura da atual exposição contribuirão para aumentar a dimensão da arte. “É um museu de xilogravura, o que não é comum no Brasil”, afirma a docente. “Esta é uma arte importante, que não era valorizada à altura pela universidade até o momento”, completa Maria Arminda.

A exposição também é vista como maneira para divulgar o museu e demonstrar sua integração com a Universidade por José Tavares Correia de Lira, diretor do CPC. “Fazer uma exposição que valoriza a xilogravura é uma forma de alertar a necessidade de olhar, disponibilizar e tornar disponíveis essas coleções, suscitando pesquisas e trabalhos acerca de acervos, técnicas e a arte xilográfica”, ressalta Lira.

Um dos visitantes da exposição, Hugo Mesquita, doutorando de arquitetura, aponta que a vinda da coleção para a Universidade poderá facilitar a democratização dos conhecimentos sobre a técnica. “A xilogravura é um mercado muito pequeno na arte, apesar de sua grande importância. O ambiente universitário proporciona um contato mais assíduo da população com a coleção”.

A história da casa

Encantado com as artes plásticas, Costella começou sua coleção de xilogravuras em 1981. Na época, havia feito um curso sobre a técnica no Liceu de Artes e passou a visitar exposições, conhecer artistas e coletar obras. Foi a partir desta coleção inicial que o exprofessor passou a considerar abrir um museu. “Eu via aquilo na minha sala de estar e pensava: ‘As pessoas deveriam poder ver isso!’”.

Se em seu início o museu expunha obras de pouco mais de 10 artistas, ele hoje conta com mais de 400 colaboradores e 5000 obras. “Para compor a nossa coleção compramos gravuras e recebemos doações. Muitas de nossas obras são de artistas e pessoas apaixonadas pelo museu que nos trazem gravuras espontaneamente”, explica. Com 30 salas em sua atual sede, a Casa começou na garagem da casa de Costella. “No início, nós chegamos a usar a casa do caseiro e a lavanderia”, conta, orgulhoso com o crescimento de seu projeto.

Para Costella, um dos maiores méritos da Casa é o fato de ser a única que conta a história da xilogravura brasileira. “O museu ajuda as pessoas a descobrirem essa arte. Lá eles vêem que a história é muito mais ampla do que pensavam”. Apesar da grande coleção, o fundador ressalta que a Casa da Xilogravura está longe de estar acomodada: “Nós estamos sempre correndo atrás para completar as lacunas históricas que necessitam ser completadas”.

O designer Rodrigo Sarabia, que visitava a exposição, declara que a mostra serviu para explicar para ele o que era a xilogravura. “Eu não sabia como as técnicas funcionavam e nem os instrumentos que eram utilizados”, comenta. Sarabia também aponta que a mostra contribuiu para despertar um maior interesse pela arte. “Saber que a xilogravura foi o início das prensas, dos rótulos e das impressões, é algo que vai me fazer dar mais atenção à arte”.