Direito Ribeirão obtém 1º lugar no exame da OAB

Faculdade de Direito do Largo São Francisco também garante boa colocação, mas ambos os cursos sofrem críticas em suas grades curriculares

Faculdade de Direito da USP de Ribeirão Preto foi a instituição que obteve o melhor desempenho no 9º Exame da Ordem Unificado da OAB. Ao todo, 114.763 candidatos se inscreveram para a prova, mas apenas 11.820 obtiveram êxito. A Faculdade de Direito do Largo São Francisco ficou em quarto lugar. Embora as duas faculdades tenham apresentado um resultado acima da média nacional, a comparação entre os cursos se mostra inevitável.

Infográfico: Marina Vieira
Infográfico: Marina Vieira

Para o Centro Acadêmico Antonio Junqueira de Azevedo (CAAJA), entidade representativa dos alunos da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto, a comparação é natural. “A FD tem aproximadamente 180 anos a mais, não há como questionar a tradição. Ainda assim, a FDRP conseguiu ter notoriedade em apenas cinco anos.”

O diretor da FDRP, Ignácio Maria Poveda Velasco, acredita que os bons resultados obtidos pelos alunos nas últimas edições da OAB contribuem para o aumento da procura pela faculdade. “A concorrência aumenta principalmente entre os candidatos do interior de SP e de outros estados, até porque eles encontram na nossa cidade uma qualidade de vida melhor e um custo de vida menor em relação à capital”.

Entre as diferenças dos cursos, Ribeirão apresenta uma proposta de ensino integral nos dois primeiros anos, docentes em sua maioria em regime de dedicação integral a docência e a pesquisa (RDIDP) e estágio obrigatório. Edson Cosac Bortolai, Presidente da Comissão de Exame de Ordem da OAB, analisa que a integralidade do período do curso faz toda a diferença. “O aluno terá contato por mais tempo com as matérias teóricas e práticas, e mais contato com os professores, de modo que estará melhor preparado para a sua vida profissional.”

Lívia Lopes, aluna da SanFran, acredita que a integralidade do curso acaba excluindo muita gente que precisa trabalhar. “Como eu já trabalhava como escrevente no Tribunal de Justiça, teria que optar entre o trabalho ou a graduação”. Daniel Dourado, estudante da FD do Largo São Francisco, concorda: “A proposta é interessante, mas não privilegia quem precisa trabalhar, tornando o curso mais elitista.” Já em relação ao curso da Sanfran, Daniel acha que é muito enxuto. “É muito conteúdo e não se pode aprofundar, porque o horário não permite.”

Em relação à obrigatoriedade do estágio, Antonio Magalhães Gomes Filho, Diretor da FD, não vê necessidade do estágio ser obrigatório “Mesmo sem a obrigatoriedade do estágio a maioria dos nossos alunos estagiam”. O que pode causar conflitos na questão da obrigatoriedade é que ela compromete os planos de quem quer se dedicar à produção acadêmica, à pesquisa, ou dos ingressantes de outras áreas.

Quanto à baixa porcentagem de professores em RDIDP na SanFran, Magalhães justifica “ Temos profissionais mais práticos, isto traz aos alunos vivência. Já Ribeirão foi criada com a especificação de ser predominantemente em dedicação integral”. Para Poveda, o fato de ter um corpo docente majoritariamente em RDIDP possibilita que um número significativo de alunos participem das atividades de pesquisa e extensão.

Mudanças na grade curricular

A São Francisco passa por uma modernização na grade curricular. Magalhães conta que a Comissão de Graduação constitui uma subcomissão só para tratar do assunto. “A previsão é que a reforma da grade aconteça em 2015”, afirma.

O Centro Acadêmico acredita que algumas mudanças no curso de Ribeirão devem ser discutidas “É necessário pensar na duração das aulas, que acabam sendo mais longas que o necessário, dar maior importância para atividades extracurriculares, além de uma mudança no método predominantemente expositivo. Por fim, a criação de um curso noturno seria a forma de ter um curso realmente inclusivo.”