Falta de segurança no campus prejudica happy hour da FAU

O tradicional happy hour da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), que ocorre todas as sextas-feiras à noite, tem sido prejudicado pela falta de segurança no campus. Apenas três foram realizados nas últimas cinco semanas, sendo que dois deles encerraram à meia-noite, muito mais cedo do que o normal.

A situação é consequência de episódios de furtos e brigas ocorridos na edição do evento de 5 de abril. Oscar Nunes, aluno do 2º ano do curso de Design da Faculdade, estava na festa e conta o que testemunhou: “Desde cedo, vi uns caras suspeitos roubando mochilas. Vi três esvaziando o conteúdo de uma mala no banheiro. Cheguei até a presenciar um deles comemorando em voz alta que tinha roubado cinquenta reais”.

Na ocasião, o happy hour estava sendo organizado pela Equador, comissão de estudantes do 3º ano que promove a festa homônima ao final do segundo semestre. Lucas Gallo, membro da comissão e estudante de Arquitetura, explica que no dia as queixas de roubo foram constantes. “Eu estava na organização do bar e a todo momento ouvia relatos de furtos espalhados pela festa. Soube que muitas mochilas desapareciam e eram devolvidas vazias no banheiro, e ainda de um caso de tentativa de assalto a um rapaz”, declara.

Os seguranças contratados para a festa não puderam conter a situação e os organizadores decidiram encerrar o evento e acionar a Polícia Militar (PM). “Tentamos evitar tal recurso”, explica Lucas. “Mas chamamos a PM quando a situação começou a ficar fora do controle, com ameaças e brigas envolvendo pedaços de madeira e vidro”. Ainda assim, o aluno conta que a polícia nada fez a respeito. “Mesmo com a insistência do chamado, a PM não apareceu por horas. Quando o local estava praticamente vazio, e realizávamos a desmontagem da estrutura da festa, uma única viatura apareceu, mas apenas deu uma passada por lá”.

Após o ocorrido, os alunos da FAU decidiram em reunião que os happy hours seguintes terminariam à meia-noite, como medida provisória. De acordo com Ciro Fico da Rocha, membro da Atlética da FAU e aluno do 3º ano de Design, os dois primeiros (12 e 19 de abril) foram reuniões pequenas. Como acabaram cedo, os lucros gerados pela festa foram bem mais baixos do que o normal. Na sequência houve um hiato de duas semanas sem happy hour e somente no dia 10 de maio ocorreu um mais festivo, organizado pelo grupo Coro de Carcarás, que foi até um pouco mais tarde.

Para Ciro, mais do que uma fonte de renda para as entidades responsáveis por organizá-los, os happy hours proporcionam um modo de utilização do prédio da FAU que não se limita ao uso acadêmico. “Interagir com as pessoas que você vê todo dia num ambiente extra-aula é bem bacana para aprender novas coisas”.

Repetição

Não é a primeira vez que a falta de segurança prejudica a realização de uma festa universitária na USP. Em setembro do ano passado, a Atlética da Escola de Comunicações e Artes (ECAtlética) decidiu não realizar mais o tradicional Quinta i Breja (QiB), maior happy hour da USP, que ocorre há mais de uma década.
Além dos repetidos episódios de furto que ocorreram na festa durante o ano, dois alunos sofreram um sequestro relâmpago no dia 27 daquele mês e, segundo o comunicado divulgado pela ECAtlética na ocasião, os sequestradores aparentavam familiaridade com a ECA e com o evento realizado. No final, libertaram os reféns afirmando que não eram eles que procuravam.

Como o Centro Acadêmico Lupe Cotrim (Calc) revezava semanalmente a organização das QiBs com a ECAtlética, o happy hour passou a acontecer quinzenalmente na época. Neste ano, voltou a ser realizado todas as semanas, mas continua sendo organizado somente pelo CALC.