LGBTTs protagonizam luta por seus direitos

Lançamento oficial da Frente foi feito na FFLCH. Foto: Divulgação da Frente LGBTT.
Lançamento oficial da Frente foi feito na FFLCH. Foto: Divulgação da Frente LGBTT.

Um grupo de estudantes de várias unidades e institutos lançou, em 25 de abril, a Frente LGBTT da USP. O grupo existe desde o fim de 2012, mas só agora foi oficialmente apresentado aos alunos.

Segundo os integrantes, o problema do preconceito na Universidade é muito subestimado devido à ideia de que locais voltados ao aprendizado seriam naturalmente tolerantes. Porém, as reações à inauguração só fizeram comprovar a urgência do tema. “A gente colou vários cartazes na Escola de Educação Física e Esportes (EEFE) e nos pontos de ônibus e eles foram arrancados”, conta William Santana, estudante de Ciências Sociais e integrante da Frente. Segundo ele, outros foram pichados com a palavra “viado”.

Houve, também, reações positivas. O Mapô (Grupo de Estudos de Gênero, Raça e Sexualidade da Universidade Federal de São Paulo) enviou uma carta oficial de incentivo. Os membros afirmam, ainda, ter recebido apoio institucional de diversos Centros Acadêmicos, como os do Instituto de Matemática e Estatística (IME), da Faculdade de Relações Internacionais (IRI) e da EEFE. A página oficial da Frente no Facebook, fundada em 15 de abril, já passou de 550 “curtidas” e o Grupo aberto conta com mais de 215 participantes. Além disso, segundo os integrantes, inúmeros alunos os têm procurado para delatar casos de discriminação.

Augusto Malaman, aluno do IRI e também participante da Frente, queixa-se da postura da Reitoria quanto a assuntos LGBTT e relembra o caso de um jornal estudantil da Faculdade de Farmácia, que, em 2010, incitou alunos a jogar fezes em gays. À época, o órgão negou-se a dar um parecer. A Reitoria ainda não se pronunciou, igualmente, quanto ao último caso divulgado de homofobia na Universidade, quando o aluno Vitor Pereira, da USP-Leste, foi alvo de ofensas por ter ido à aula de saia.

Aproximação

Porém, o preconceito também está presente dentro do próprio movimento estudantil, segundo ambos. “Não é uma coisa de confronto direto”, explica Augusto. Para ele, simplesmente, “os espaços não são convidativos”. William afirma ter ouvido xingamentos homofóbicos em reuniões estudantis e cita as mobilizações durante o ano de 2011, contra o convênio entre a reitoria e a PM. “Vi militantes chamando outros de arrombados ou de mulherzinha”, conta. Wiliam acredita que “a Frente pode estreitar esses laços [entre os movimentos gay e estudantil]”.

Segundo Augusto, a principal intenção é organizar os estudantes LGBTTS da USP para que “sejam protagonistas da própria luta”. “As pessoas que são sistematicamente colocadas como oprimidas não se veem como agentes da mudança”, diz.

A ideia é construir um grupo tão diverso quanto possível. Explicando as origens e intenções da iniciativa, os membros fazem questão de enfatizar o T extra (simbolizando os transexuais) que acresceram à sigla LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros). Durante a reunião de pautas da Frente, um integrante brincou, ainda: “Na minha época, muito tempo atrás, era só GLS!”.

Os interessados em acompanhar as decisões tomadas pela frente podem acessar a página do grupo no Facebook. Há também um seminário sobre a história do movimento LGBTT, agendado para o dia 26 de maio, às 14h na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.