USP de São Carlos discute o seu futuro aos 60 anos

No ano em que se comemora o aniversário da EESC e do Centro Acadêmico, alunos reclamam dos circulares, do campus 2 e também da segurança

Neste ano, o campus de São Carlos foi palco de uma série de acontecimentos que estimularam a reflexão sobre a sua própria estrutura. Em abril a Escola de Engenharia de São Carlos, a EESC, e também o Caaso, Centro Acadêmico Armando Salles de Oliveira, completam 60 anos. Mesmo com vários eventos comemorativos para lembrar as instituições, problemas de infraestrutura, mobilidade e segurança estão sendo debatidos pela comunidade.

Comemorações

As atividades da USP em São Carlos se efetivaram no ano de 1953, quando ocorreu a aula inaugural na EESC, onde hoje se localiza o Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC). No mesmo ano foi criado o Centro Acadêmico, cujo nome se deu em homenagem ao governador que fundou a USP na década de 1930.
Hoje, o campus de São Carlos tem mais de 23 cursos de graduação, como os de engenharia, ciência da computação e arquitetura, 15 programas de pós-graduação e duas áreas que ocupam mais de 320 hectares com cinco unidades de ensino, o CDCC e outros órgãos que compõe sua estrutura.

Entre as comemorações realizadas pela diretoria da EESC estão mesas-redondas, o lançamento do Repositório Digital – o qual reúne documentos que recriam sua história –, encontros de ex-alunos e uma palestra sobre sustentabilidade, ministrada pelo jornalista Washington Novaes. Dentre as atividades planejadas pelos estudantes, Rafael Arroz, presidente do Caaso, cita debates temáticos, atividades culturais, exposições, exibição de documentários e intervenções artísticas de grupos da cidade de São Carlos e, principalmente, com os grupos já existentes no Centro Acadêmico. “Temos organizado uma série de atividades no Caaso, no entanto a grande maioria não tem sido em parceria com o calendário oficial da EESC”, diz.

Infraestrutura

Várias pautas estão sendo discutidas e requeridas pelos estudantes, que também convergem com as de outros campi, como as questões de mobilidade, transporte e segurança.

“Temos superlotação de ônibus e horários inflexíveis que já não condizem com a realidade dos estudantes, além de ônibus ociosos na garagem da prefeitura do campus”, afirma Rafael Arroz. Os estudantes também reclamam da possível privatização do serviço, que foi alvo de um abaixo-assinado e uma série de debates realizados pelos alunos.

A representação dos estudantes reclama ainda da falta de infraestrutura dentro do Campus 2 da cidade, inaugurada em 2005. A estudante Renata Utsunomiya, membro do Coletivo de mulheres Caaso/Federal afirma que “o Campus 1 existe há mais de 30 anos e tem muito mais infra-estrutura, inclusive possui alojamentos estudantis e muitas atividades de dia e noite”. Segundo dados do Serviço de Promoção Social do campus, há cinco blocos de moradia estudantil, com 252 vagas.

Algumas das reivindicações para a área 2 são Unidade Básica de Saúde, representação da prefeitura do campus, caixa eletrônico, xerox, serviço de graduação, moradia estudantil, papelaria, além da ampliação dos horários de atendimento da biblioteca e do restaurante, que não abrem à noite.

Segundo Aldo Donisete, delegado responsável pelo 3° distrito de São Carlos, que atendeu a maioria das ocorrências do campus, este ano foi considerado “atípico”. Donisete ainda afirma que os casos registrados dentro do campus foram desde os alunos que ficaram nus para hostilizar feministas durante protesto contra Miss Bixete, a acusação de estupro feita por um calouro durante o trote, a universitária que morreu após ser atingida pelo galho de uma árvore, e, o mais recente, com o esfaqueamento do aluno de Ciências da Computação Lucas Wiechmann, ocorrido no último dia 19.

Sobre a presença da polícia militar, o presidente do Caaso destaca que a “mobilização freou o convênio da USP São Carlos com a polícia, pelo entendimento que não é esse o modelo de segurança ideal, e iniciou a construção de um plano alternativo ao apresentado anteriormente pela reitoria”. Já Renata diz que frente aos novos acontecimentos “não houve nenhum debate aberto sobre o assunto, as pessoas conversam entre si e nas redes sociais se vê diferentes opiniões”.

Entre as pautas estudantis em relação à segurança, Rafael mencionou a mobilização para a “criação de uma comissão paritária e permanente de segurança”, mas, segundo ele, a “comissão não tem se reunido e nem a prefeitura do campus colocado em prática os encaminhamentos dessa discussão”.

A falta de iluminação no campus também se relaciona com a insegurança, segundo alunos. “Ao andar pelo campus é possível ver lâmpadas queimadas em pontos estratégicos, inclusive próximos ao local onde o aluno foi esfaqueado”, pontua Rafael Arroz.

O professor José Carlos Maldonado, diretor do Conselho do Campus, respondeu em nome da diretoria sobre os temas. “Estamos vendo com toda a direção do conselho e com a comunidade ações para tentar aprimorar os processos para garantir a segurança. No momento estamos equacionando o mapeamento de riscos que está sendo feito com a Superintendência de Prevenção e Proteção Universitária, o qual deve ser finalizado em maio em todas as áreas da USP São Carlos”, afirma.

Maldonado também diz que “está em curso um mapeamento de risco arbóreo em coordenação com a Superintendência de Meio Ambiente. Com esta ultima será também desenvolvido um Plano Diretor”. Ele ainda ressaltou que ambulâncias permanentes serão colocadas nas áreas 1 e 2. Sobre outras pautas estudantis, como a falta dos circulares, o professor disse que ainda não poderia responder.

Professores revivem inauguração da EESC em comemoração aos 60 anos. Foto: EESC/Divulgação
Professores revivem inauguração da EESC em comemoração aos 60 anos. Foto: EESC/Divulgação