Entre risos, repetições e passos de rockabilly, o CoralUSP XI de Agosto ensaia aquela que promete ser uma das maiores novidades do repertório que compõe o Projeto Rock, um medley de Elvis Presley. “O medley do Elvis foi composto especialmente para o Grupo e também encomendamos um medley dos Mamonas Assassinas”, conta Eduardo Fernandes, regente do XI de Agosto desde 1986.
A inusitada mistura entre famosas canções do rock nacional e internacional com arranjos próprios do canto coral poderá ser assistida pelo público na próxima apresentação do Grupo, no final de junho. Eles cantarão durante o festival de corais que ocorrerá na Biblioteca Guita e José Mindlin, na Cidade Universitária. Além do medley, o repertório contará com outras músicas inéditas como Eleanor Rigby, dos Beatles, Sunday Blood Sunday, do U2, e a consagrada Bohemian Rhapsody, do Queen.
De Beatles a Titãs
Às quartas e aos sábados, nos corredores da Faculdade de Direito da USP, pode-se ouvir a mescla de sopranos, contraltos, baixos, tenores e barítonos que, sob a liderança de Fernandes, repetem uma, duas, três vezes melodias que podem ser facilmente reganho conhecidas pelos ouvidos leigos. Embora também apresente peças eruditas, o coral trabalha há cerca de três anos apresentando aos ouvintes eruditos o rock e aos populares o erudito. Os temas do coral são renovados a cada dois ou três anos. Com um repertório dinâmico, um ‘work in progress’, como definiu Fernandes, as músicas são incorporadas ao projeto de acordo com a sugestão dos cantores. Entre as canções que o coral interpreta estão Back in Black do ACDC, Here Comes the Sun,Penny Lane e Blackbird dos Beatles, Comida dos Titãs, Pro Dia Nascer Feliz do Cazuza, Por Enquanto do Renato Russo, Agora Só Falta Você e Papai Me Empresta o Carro da Rita Lee e Rock da Cachorra de Eduardo Dusek. Na opinião de Fernandes, a mistura entre o rock, estilo popular, e o canto erudito, típico do coral, garante um reganho aos dois lados.
“Na última inscrição recebemos um cantor roqueiro, daqueles que curtem ACDC. Quando propusemos uma peça de formato mais erudito, ele entrou de cabeça e gostou muito”, relembra.
Popular e Erudito
Regente do Grupo XI de Agosto desde 1986, o maestro não hesita em declarar sua paixão musical pela “mistura entre o popular e o erudito”. O professor conta com cerca de 30 anos de experiência em canto coral, além de bacharelado em música com especialidade em fagote, um instrumento de sopro.
Ele explica que algumas pessoas inicialmente não veem com bons olhos a mistura entre os estilos, mas que gradativamente se abrem para o conhecimento de coisas novas. Você precisa ter o mesmo apreço quando ouve uma batucada e uma orquestra sinfônica. Também precisa ser mais tolerante com o outro, com o que é diferente de você. As pessoas podem gostar de ACDC e Luiz Gonzaga, por que não?”
Paulo Alexandre Gonçalves da Silva, aluno da Faculdade de Educação e integrante do Grupo desde 2012, afina sua opinião com Fernandes e afirma que a característica mais interessante do coral é o trabalho em conjunto. “Você não ouve só uma voz no coral, você ouve 40 como se fossem uma”. Fernandes concorda e acrescenta que o coral é em si uma diversidade. “No coral universitário você tem uma coisa muito legal que é a diferença entre pessoas. Você encontra nos corais da USP garotos de 19 anos até senhores de 70 anos cantando juntos.” Maestro e cantor mais uma vez se harmonizam quando afirmam que ‘o importante é o contato com a música, seja erudita ou popular’.
