Nova diretoria da Adusp é eleita e toma posse no fim de junho

As eleições para os cargos de diretoria da Adusp foram realizadas nos dias 27, 28 e 29 de maio. A chapa “Participação”, única inscrita, recebeu 526 votos, contra 26 votos em branco e três votos nulos. Ciro Teixeira, professor do Instituto de Geociências (IGc), será o novo presidente da instituição. A nova diretoria tomará posse no dia 28 de junho.

Teixeira e sua chapa defendem ideias baseadas em uma maior democratização, transparência e apoio aos docentes na Universidade. Uma das propostas centrais reside na luta contra cursos pagos na USP. “Os cursos pagos são incompatíveis com uma instituição pública que tem por finalidade garantir o direito ao ensino de qualidade a todos que tenham condição de nela ingressar”.

Outra proposta da chapa é combater a política acadêmica que privilegia resultados voltados somente para as estatísticas oficiais. “Sabemos que a busca de resultados não é incompatível com a construção do conhecimento, pelo contrário. A questão se encontra em quais resultados se busca. A questão reside em colocar o foco dos resultados em produzir números (de publicações, bolsas, projetos, etc.) que visem antes atingir metas que satisfaçam às estatísticas oficiais, em confronto com efetivamente visar fortalecer o trabalho acadêmico de qualidade e de interesse social”, explica o presidente eleito.

O professor explica porque um dos focos da nova gestão será o aumento do quadro de docentes na USP. “Em São Paulo, as universidades públicas (incluindo as federais) respondem por cerca de 8% das vagas no ensino superior. 92% das vagas estão nas instituições privadas, com todas as limitações e deficiências destas instituições. Assim, para que se possam ampliar as vagas no setor público e manter a qualidade é preciso ampliar o quadro docente”.

Ainda sobre os docentes, a chapa vai contra a chamada “progressão horizontal” de carreira. “Um dos aspectos problemáticos da progressão horizontal é justamente estender a carreira e utilizar como critério para que se alcance os sucessivos patamares a produção aferida em termos quantitativos. Isso coloca os docentes numa perspectiva competitiva entre si por responsabilidades didáticas, pela coordenação de projetos, pela disputa por recursos, entre outros. Isso é antagônico com a natureza da atividade acadêmica que pressupõe necessariamente colaboração e não competição.”

Segundo ele, é por essas razões que a chapa “Participação” luta pela mudança na estrutura de poder, pela efetiva democratização da universidade e pelo respeito aos avanços conquistados na legislação vigente que “hoje preveem com clareza o princípio à gestão democrática e o direito à informação, prerrogativas que a USP insiste em desconsiderar”.
Teixeira e sua nova diretoria ainda consideram a política de cotas “fundamental para tornar efetiva qualquer perspectiva de reversão do perverso quadro de exclusão hoje vigente no país”.

O professor critica a forma como a universidade convive com o movimento estudantil: “As instâncias administrativas lidam com o movimento estudantil, demais movimentos sociais, ou entidades de representação na perspectiva da contenção das demandas e da desqualificação de suas ações, o que se dá no âmbito do autoritarismo vigente que busca manter intacta a estrutura de poder e os interesses que ela representa”.