Núcleo do Cepeusp usa esporte como reabilitação

Com uso da Psicologia do Esporte, Nupsea oferece atividades físicas semanais para pessoas com quadros de dependência química, tabagismo e depressão

Referência em treinamentos e na prática do esporte universitário, o Centro de Práticas Esportivas da Universidade (Cepeusp) também aborda o esporte em uma de suas mais importantes características: a psicológica. Há 11 anos, o Centro mantém o Núcleo de Psicologia do Esporte e Atividade Física (Nupsea), que oferece atividades físicas semanais a alunos, professores, funcionários e comunidade externa, visando à recuperação clínica, mental e social com foco na reabilitação.

O Nupsea é dividido em três programas: Atividade Física para o Tratamento do Tabagismo; Programa Complementar ao Tratamento da Depressão; e Atividade Física para Dependentes Químicos em Recuperação. Atualmente, o núcleo conta com dez alunos com quadro de depressão e cinco dependentes químicos, sendo dois tabagistas. “O esporte e os exercícios melhoram os aspectos físicos, mentais e intelectuais. São melhoras do ponto de vista metabólico, antropométrico, neuromuscular, psicológico e fisiológico”, explica Eliane Barbanti, professora de educação física e coordenadora do Nupsea desde sua fundação, em 2002.

As atividades ocorrem em três dias da semana, nas segundas, quartas e sextas de todo semestre letivo. Os alunos realizam práticas como caminhada, bicicleta ergométrica, exercícios localizados, meditação, alongamento e relaxamento. Em cada início de semestre, são oferecidas 15 vagas para pacientes com quadro depressivo, e 15 para dependentes químicos. Porém, quando a totalidade das vagas não for preenchida, as pessoas podem solicitar a participação em outros períodos do semestre. Além disso, os alunos que desejarem continuar no núcleo podem fazer a renovação.

É o caso de Maria Isabel Suzuki, aposentada, que faz parte do núcleo desde 2005, sendo uma das alunas mais antigas. Ela conheceu o programa através do site do Cepeusp, e, por conta de um quadro de depressão, acabou sendo encaminhada ao Nupsea. “A avaliação que eu faço é positiva, melhorou muito minha condição física, não só pelo quadro de depressão, mas também por conta da osteoporose”. Além das atividades físicas, ela destaca um outro fator importante para a reabilitação: a integração social com alunos e professores. “Acho importante pelo grupo, pelas pessoas que você conhece e acabam fazendo parte do seu grupo de amizade”.

Maria Isabel Suzuki (à esq) é uma das quinze pessoas beneficiadas pelo Núcleo (Foto: Rodrigo Dias Gomes)
Maria Isabel Suzuki (à esq) é uma das quinze pessoas beneficiadas pelo Núcleo (Foto: Rodrigo Dias Gomes)

O Nupsea possui uma parceria com o Hospital Universitário e com as Unidades Básicas de Assistência à Saúde (UBAS), que encaminham pacientes com quadro de dependência ou depressão aos programas de reabilitação oferecidos pelo Cepeusp. Os alunos também chegam ao Nupsea por indicação de amigos que já fazem parte do grupo, ou ainda por conhecimento através da internet, como aconteceu com Maria Isabel.

Pesquisa

Além do foco na reabilitação de dependentes e pacientes com depressão, o Nupsea também contribui para o desenvolvimento da pesquisa na área do esporte. Durante os 11 anos de existência, já foram concluídos e publicados quatro estudos. “As pesquisas foram feitas com base nas atividades realizadas pelos próprios alunos no núcleo”, diz a coordenadora. “Temos observado a melhora dos alunos através delas, que comprovam a melhoria na qualidade de vida e nos sintomas nos quadros de depressão e dependência.

Segundo Eliane, a psicologia aplicada na pratica esportiva é bastante difundida em todo o Brasil. “Vários outros segmentos da psicologia têm influenciado a Psicologia do Esporte na medida em que contribuem para a ampliação do conhecimento dos fenômenos psicológicos que englobam o exercício físico e o esporte.” Para ela, além de todo o valor de pesquisa, o núcleo tem uma representação ainda maior. “É um sentimento de realização profissional”.