Sob gerência da PM, funcionários alegam ter menos espaço na Guarda Universitária

A sobreposição da Polícia Militar, um corpo externo ao convívio da comunidade acadêmica, à Guarda Universitária tem gerado insatisfações, principalmente por parte dos funcionários da USP. Para o sindicato dos funcionários (Sintusp), a segurança da universidade deve ficar a cargo de funcionários concursados e não por efetivos da iniciativa privada ou por contingentes policiais.

“Há algumas décadas só tínhamos a Guarda Universitária no campus. Eram todos funcionários que tinham prestado concurso e, principalmente, conheciam a universidade”, diz o diretor do Sintusp, Magno Carvalho. “Cada vez mais essa guarda perde espaço, seja para a segurança privada, seja para a PM”.

Nos postos da Guarda Universitária, nenhum membro quis se identificar para dar seu posicionamento. “O problema do acordo é que não sabemos no que ele pode resultar mais para a frente. Hoje, estamos em uma situação melhor, porque a Guarda Universitária deixou de atender chamadas de emergência, por exemplo. Isso é bom, porque não tínhamos esse preparo”, avalia um deles. “O problema é saber como vai ser a postura no futuro. Se nós formos perder espaço com o tempo, vai ser negativo.”

Para o Sintusp, é o que vem gradativamente acontecendo. “A maioria do pessoal não aceita essa nova coordenação. E com razão. De repente muda toda a filosofia da guarda e eles passam a receber ordens de um estranho à universidade?”, questiona Carvalho. Para ele, é sintomático o fato de os guardas não quererem se expor para a reportagem do Jornal do Campus, pois isso seria fruto de um receio de se indispor com instâncias superiores. “Eles se queixam de um gerenciamento policial muito repressivo em cima deles. Estão revoltados, mas não querem perder o emprego.”

Em março de 2012, o reitor João Grandino Rodas anunciou a contratação do coronel aposentado da PM Luiz de Castro Junior para o novo comando da guarda. O reitor disse à época, no programa semanal “Palavra do Reitor”, da Rádio USP, que o objetivo não era que a “polícia interna” da USP ganhasse aspectos de polícia militarizada, mas que fosse moldada “de forma comunitária e dentro dos direitos humanos”.

É nesse sentido que figura a crítica do Sintusp. Segundo Carvalho, já durante a atuação de Ronaldo Pena, o policial Civil que atuou até a entrada de Castro Junior, passou-se a moldar a guarda para um perfil repressivo e não preventivo. “Desde o Ronaldo Pena a instituição foi perdendo seu caráter de prevenção. Com o comando dos ex-coronéis só piorou”.

A saída de Pena foi justificada por Rodas por ser uma presença irregular na universidade, já que ele pertencia à polícia civil e ainda estava na ativa.

Procurada, a Superintendência de Segurança da USP disse que os questionamentos do Jornal do Campus foram encaminhados para o ex-coronel Luiz de Castro Junior, mas que apenas por meio da assessoria de imprensa poderia ser obtido um posicionamento oficial. Até o fechamento desta edição o posicionamento não foi repassado.