Terceirizados da Higilimp param por falhas salariais

Os funcionários participaram de ato em frente a reitoria por conta das irregularidades encontradas no pagamento do salário no mês de maio

Na manhã da segunda-feira, 10 de junho, funcionários da empresa Higilimp, que presta serviços terceirizados de limpeza para várias unidades da USP como Veterinária, FEA, Poli, Coseas e CRUSP, entraram em greve alegando problemas no pagamento dos salários de maio.

“Alguns receberam parte do salário e outros não receberam nada”, afirmou a auxiliar de limpeza Raimunda Coelho Rodrigues, que presta serviços no CRUSP. As denúncias incluíam, ainda, casos de vale transporte, vale refeição e adicionais de insalubridade pagos irregularmente. As diferenças nos pagamentos deste mês também foram denunciadas ao Sindicato dos Metroviários, pelos funcionários que trabalham na linha 1 azul, os quais enfrentaram problemas com vale transporte e refeição no mês de março.

Os terceirizados estavam presentes no ato realizado em frente à reitoria na terça-feira (11) sob a liderança do Sintusp, em movimentação sincronizada à Unicamp e Unesp para reivindicações junto ao Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp). “Nosso objetivo hoje é pressionar os reitores a reabrir as negociações das reivindicações do Fórum das Seis. Coincidiu de os trabalhadores da Higilimp entrarem em greve ontem”, relata Claudionor Brandão, diretor do Sintusp. Durante o ato, houve também relatos sobre funcionários da Higilimp que teriam sofrido represálias e impedidos pelos encarregados de participar das ações.

Segundo Aníbal Cavali, responsável pelo setor de imprensa do Sintusp, antes da questão salarial, o Sindicato já vinha recebendo reclamações a respeito de assédios morais sofridos por alguns funcionários. Com a denúncia dos problemas no pagamento e a greve dos terceirizados, o Sindicato abriu conversa com a reitoria na tentativa de resolver a questão. “Ficou em aberto uma reunião de uma comissão de funcionários para falar com a reitoria, mas acabou não acontecendo”, conta. “Foi dito que os pagamentos tinham acontecido até ontém, mas não aconteceram. Poucos funcionários receberam apenas parte do salário”, reforça.

Marlene de Lourdes Alves, uma das sócias da Higilimp, afirma que um vírus infectou as máquinas da empresa, corrompendo o arquivo da folha de pagamento. Ela diz que, para resolver o problema, a empresa está fazendo os depósitos manualmente e que, na USP, apenas 40 funcionários tiveram irregularidades devido a este imprevisto. Além disso, afirma que a empresa nunca teve problemas com pagamentos antes, o que é confirmado pelo procurador da USP, Salvador Ferreira. O Sintusp e o Sindicato dos Metroviários, no entanto, dizem não acreditar na justificativa dada pela empresa, ressaltando os problemas já ocorridos em março, com a linha 1 azul do metrô.

De acordo com Ferreira, que media as negociações, os documentos da empresa mostram que os salários foram de fato pagos. Ele diz que o que existe são diferenças entre os salários, que ainda deverão ser verificadas. Estas diferenças, segundo Solange Conceição Lopes, do Sintusp, levaram alguns funcionários a receber apenas 100 ou 200 reais do ordenado. “Nós vamos avaliar isto na medida em que pegarmos o holerith de cada caso e conferirmos com o ponto”, afirma o procurador. A revisão, ele explica, será feita mediante apresentação dos holeriths pelos trabalhadores aos gestores para verificação. Ele destaca que nos casos de funcionários com holeriths zerados, apresentados na terça-feira pelo Sintusp, foi realizada uma nova transferência. Haveria, ainda, cerca de 6 funcionários que, devido a problemas nas contas bancárias, receberiam a quantia em dinheiro.

Os funcionários da empresa continuam em greve e prometeram fazer novo ato em frente a reitoria nesta quarta (12). “Enquanto não tiverem o acerto sobre os valores, eles não voltarão ao trabalho”, diz Anibal Cavali.

Sem pagamentos regularizados, terceirizados prometem continuar em greve (Foto: Bruna Romão)
Sem pagamentos regularizados, terceirizados prometem continuar em greve (Foto: Bruna Romão)